ASMR é o nome dado para os vídeos relaxantes que viraram moda em 2018 no Instagram e YouTube. Ao pesquisar pela hashtag #asmr nas redes sociais, é possível ver pessoas amassando slime (um tipo de massa de modelar com diferentes cores e texturas), cortando sabonetes em pedacinhos ou mastigando alimentos crocantes. Esse tipo de publicação é procurado por quem quer ajuda para se destrair e conseguir dormir. Isso porque ASMR, que significa Autonomous Sensory Meridian Response (ou Resposta Sensorial Autônoma do Meridiano, em português), em resposta ao estímulo causado por essas imagens e sons, o cérebro "relaxa".
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No Instagram, há mais de 5 milhões de posts de ASMR. O sucesso foi tanto que a rede social considerou o formato como tendência do ano em sua Retrospectiva 2018. Já no YouTube, ao digitar o termo na barra de pesquisa, a ferramenta oferece um resultado de 13.5 milhões de opções. Os conteúdos relacionados são filmes com diferentes estímulos audiovisuais que têm como objetivo gerar uma sensação relaxante nos ouvintes.
Afinal, o que é a ASMR?
ASMR ou Resposta Sensorial Autônoma do Meridiano, em livre tradução, é o nome dado à sensação ocorrida após a exposição a estímulos sonoros e visuais específicos. Muitas pessoas descrevem um "formigamento" que percorre a parte de trás da cabeça e da coluna, enquanto outras sentem um relaxamento profund
Na Internet, é possível encontrar vídeos e áudios que buscam ativar esses gatilhos e podem ser compostos por sussurros, batidas, escovar de cabelo, escrever com lápis em uma folha de papel, unhas batendo suavemente sobre uma superfície, dobrar toalhas, passar páginas de uma revista, entre muitas outras opções.
“A ASMR pode ser descrita simplesmente como uma variedade de sensações calmantes (por exemplo, formigamento, relaxamento, calma, sonolência) devido a uma variedade de estímulos gentis (por exemplo, sussurros, conversas suaves, toques leves, sons metódicos)”, define de forma sucinta a página ASMR University, portal online de incentivo a pesquisa científica desse nicho.
Apesar de o termo parecer científico, ele foi, na realidade, pensado em 2010 por Jennifer Allen, criadora de uma comunidade no Facebook que tinha como objetivo compreender melhor esses fenômenos. Foi nessa época que conteúdos do gênero começaram a surgir e ainda não tinham um nome definido.
A ASMR funciona mesmo?
Os estudos científicos sobre a ASMR ainda são incipientes e, por isso, ainda não há um parecer conclusivo sobre a efetividade dos vídeos e das possíveis sensações por eles causadas. Mas, até onde é confirmado, a experiência pode variar de pessoa para pessoa. Algumas não sentem qualquer estímulo enquanto outras precisam de um gatilho específico, como dramatizações em que alguém dá atenção pessoal e sussurra ou acompanha tarefas cotidianas, como borrifar uma garrafa de água ou enrolar um papel de embrulho.
Maria, supervisora do canal do YouTube Gentle Whispering, disse para o site norte-americano Vox que as experiências também podem mudar de acordo com o dia ou humor dos ouvintes. “Eu percebi que um dia você será mais sensível à interpretação de papéis e, em seguida, a outro será mais sensível a sons de chicote", explicou.
Em entrevista para o The New York Times, o especialista em distúrbios do sono da Universidade de Columbia Dr. Carl W. Bazil afirmou que conteúdos ASMR podem oferecer novas formas de “desligar” o cérebro. “As pessoas que têm insônia estão em um hiperestado de excitação. Tratamentos comportamentais — imaginação guiada, relaxamento progressivo, hipnose e meditação — são feitos para tentar enganar o seu inconsciente para fazer o que você quer fazer”, explica.
De acordo com a BBC, um estudo da University of Sheffield, qu
Como saber se atingi a ASMR?
Como os estudos científicos acerca do fenômeno são escassos, é difícil determinar a percepção do fenômeno. Entretanto, o site especializado ASMR University explica que as sensações podem ser físicas ou psicológicas. As físicas seriam “formigamentos leves e prazerosos, brilhos, imprecisão ou ondas na cabeça, no pescoço, na coluna e por todo o resto do corpo”. Já as da mente são descritas como “sensações profundas e suaves de relaxamento, alma, conforto, tranqüilidade, tranquilidade ou sonolência”. Há quem chame o ápice do estímulo de "brain orgasm" (orgasmo cerebral, em português) e compare a sensação ao que se sente quando alguém mexe com o seu cabelo ou desliza suavemente a ponta dos dedos na sua bochecha.
Quais seriam os benefícios da ASMR?
Ainda de acordo com o site ASMR University, “alguns indivíduos com diagnósticos clínicos de distúrbios médicos relatam que esses vídeos são úteis para sua insônia, ansiedade, distúrbios de pânico e/ou depressão.” A própria página, entretanto, ressalta que ainda faltam estudos sobre o evento.
Enquanto isso, o pesquisador Bryson Lochte investigou a ASMR durante seu doutorado em neurociência no Dartmouth College e a comparou a sensação de onda de arrepios que acomete o corpo em resposta emocional à música. Já Mathias Benedek, assistente de pesquisa da Universidade de Graz, na Áustria, acredita que a Resposta Sensorial Autônoma do Meridiano possa ser uma versão mais suave e mais silenciosa do mesmo fenômeno.
Sendo assim, é possível que experiências cotidianas possam evocar mecanismos antecipatórios semelhantes aos causados pela música, despertando memórias de prazeres passados que antecipamos e revivemos toda vez que assistimos e ouvimos.
Onde posso encontrar conteúdos ASMR
Há uma série de conteúdos produzidos por ASMRtists (fusão entre os termos ASMR e artist), como são chamadas as estrelas desse nicho, nas principais plataformas audiovisuais da Internet. No YouTube, há canais com centenas de milhares de seguidores, como ASMR Darling, Gibi ASMR, Sweet Carol, ASMRMagic, entre outros. Já no Instagram, a busca pela hashtag #asmr permite encontrar mais de cinco milhões de posts que buscam fazer com que os espectadores atinjam as sensações prometidas.
Já no Spotify, são várias as playlists disponíveis. Há inclusive uma criada pelo próprio serviço, chamada “ASMR Sleep Sound”, que reúne 61 áudios com sons de tecido sendo dobrado, lápis desenhando, chuva, cavalos, digitação, zíper, entre outros.
Via Instagram, Vox, New York Times, Sleep.org, ASMR University, BBC News e National Post.
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