Diversos streamers e pro players brasileiros de jogos como Counter Strike: Global Offensive (CS:GO) e League of Legends (LoL) já foram cancelados na Internet. Os influenciadores debatem e criticam cada vez mais a cultura do cancelamento em suas lives e redes sociais. Mas a comunidade dos esports frequentemente cobra por posicionamentos e retratações e desaprova algumas condutas, cancelando esses jogadores. Para exemplificar o impacto dessas práticas, o TechTudo separou cinco brasileiros que já foram cancelados, e como cada um deles lidou com os erros do passado e as cobranças da comunidade.
Fernando “fer” Alvarenga
Pro player de Counter Strike: Global Offensive (CS:GO), Fernando “fer” Alvarenga fez comentários racistas em uma stream na Twitch TV, em junho de 2020. Ao ler uma mensagem de um espectador, que reclamava do jogador ficar mexendo no cabelo, fer rebateu dizendo que o rapaz estava triste por ter cabelo “duro” e “ruim” enquanto o dele é “lisinho” e “bom”. A reação da comunidade foi imediata, e a maioria das pessoas criticou o comportamento do jogador. Na época, a plataforma de streaming não aplicou punições, mas o pro player foi multado pela MIBR, equipe que integrava. Nas redes sociais, o atleta reconheceu o erro e se desculpou.
Ainda em junho de 2020, no fim do mês, o streamer foi banido por sete dias da Twitch. A plataforma não divulga os motivos das punições que aplica, mas a hipótese mais provável é que fer levou o ban por usar a palavra “mongoloide” em uma live. A reação da comunidade, mais uma vez, foi condenar o jogador e sua postura. Alguns dias depois, fer ironizou a cultura do cancelamento no Twitter. Três meses depois, a MIBR anunciou a saída de fer da sua line up de CS:GO.
João Victor "Jovirone" Rodrigues
João Victor "Jovirone" Rodrigues, pro player de League of Legends (LoL), protagonizou um caso de transfobia durante uma stream, em novembro de 2020. Na live, Jovirone comparou um item mítico do game, o Eclipse, a um “traveco gostosão”. Antes de falar o termo, o jogador explicita sua heterossexualidade e assegura que a analogia poderia ser “meio pesada para o horário” e poderia gerar cancelamento. Ele declara que o Eclipse é “legal, mas te engana”, como um “traveco”. O streamer chega a imitar uma voz grossa ironizando desrespeitosamente a fala de uma mulher trans.
As críticas foram instantâneas, mas de imediato o player ironizou as acusações de transfobia. O assunto ficou em destaque no Twitter por algumas horas e só depois Jovirone se desculpou, mencionando que só percebeu o erro ao rever o vídeo pela terceira vez. O streamer convidou "alguém da comunidade LGBTQ+" para uma live de conscientização, que ainda não foi realizada. A Fnatic, organização europeia de esports da qual o brasileiro faz parte, declarou em nota que aplicaria “medidas internas para reparar a confiança danificada". O jogador de 22 anos segue na equipe e conta com mais de 1.2 milhões de seguidores na Twitch, que não aplicou punições pela fala transfóbica.
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Rafael "Rakin" Knittel
“Aqui é só joguinho”. Foi o que disse Rafael "Rakin" Knittel, streamer de LoL, em maio de 2020. A fala foi dita pelo jogador quando inúmeros protestos antirracistas eclodiram pelo mundo em apoio a George Floyd, um homem negro brutalmente assassinado por um policial branco em Mineápolis (EUA). O brasileiro não gostou da cobrança de posicionamento da comunidade de esports e declarou querer ser um refúgio e "dar um descanso mental dessas notícias�
Os tweets foram apagados e, posteriormente, o streamer pediu desculpas “por ser isento". Rakin já tinha virado notícia no mês anterior, ao dizer a palavra “mongoloide” em uma live e ser banido da Twitch por uma semana. No Twitter, ele comentou o caso e se desculpou. O streamer ultrapassou a marca de 1.4 milhões de seguidores na plataforma de lives e faz parte da org americana Team Liquid.
Alexandre "Gaules" Borba
Streamer de CS:GO, Alexandre “Gaules” Borba é o maior influenciador brasileiro da Twitch e é tido como “incancelável” por grande parte da comunidade. Mas Gaules já se envolveu em várias polêmicas, uma delas teve relação com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Em uma live em 2019, O streamer afirmou que o MST só é bonito quando os “vagabundos” invadem as residências dos outros, e questionou aos defensores “quantos sem teto você tem aí na sua casa?”. Além disso, o jogador assegurou que pobre brasileiro não tem saúde, saneamento básico e educação, mas tem "tudo que o capitalismo tem para dar” , como televisão, micro-ondas, Internet a cabo e smartphone. Para completar, Gaules afirmou que “bandido bom é bandido morto”.
As falas foram proferidas em uma live em 2019 e relembradas em março de 2021 em um tweet do “Gamer Antifa”, que teve a conta suspensa. O streamer não se desculpou, nem demonstrou arrependimento, mas declarou ter consciência de que já falou muitas coisas erradas e tenta melhorar “todos os dias com ações”.
Em julho do ano passado, o influenciador protagonizou um tribunal de julgamento à Chaos, após a equipe bater a MIBR no cs_summit 6. Gaules analisou os clipes em uma stream e levantou suspeitas de trapaças sob os americanos, que chegaram a ser ameaçados de morte por fãs do brasileiro. O episódio terminou com o streamer excluindo alguns tweets e pedindo “menos hate, mais amor e muitas boas partidas de CS:GO”.
Canal Xbox Mil Grau (extinto)
Um dos integrantes do Canal Xbox Mil Grau (XMG), no YouTube, proferiu diversas ofensas racistas nas suas transmissões. Em outra live, ChristophSSJ, criador do XMG, desfere comentários homofóbicos e chega a separar violentamente duas mulheres que trocavam carinho dentro de um jogo. Os casos ganharam repercussão em julho de 2020, iniciando uma onda de denúncias do canal. Até o ator Mark Hammil, que interpreta Luke Skywalker na saga Star Wars, participou do movimento.
A Microsoft obrigou o canal a retirar o “Xbox” do nome e declarou que o conteúdo da conta não reflete os “valores fundamentais de respeito, diversidade e inclusão” da empresa. O perfil na Twitch foi suspenso e, posteriormente, o YouTube também baniu o XMG por violação dos termos e políticas do site. No entanto, os autores das ofensas seguem no mundo dos games e somam dezenas de milhares de seguidores no Twitter.
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