A ARM Holdings entrou hoje pata a lista de empresas que decidiram interromper contratos e relações comerciais com a Huawei. A decisão se estende à subsidiária HiSilicon, responsável pelo desenvolvimento e fabricação dos processadores Kirin usados nos smartphones da marca. Segundo a BBC, a ARM tem instruído seus funcionários a interromperem contratos e relações com os chineses.

A britânica ARM é a criadora das tecnologias básicas incorporadas em processadores para celulares, como o chamado conjunto de instruções e o design de referência dos núcleos de processamento que fazem parte de celulares de todas as marcas, independente da origem de suas CPUs. Sem acesso a essas tecnologias, a Huawei fica impossibilitada de colocar no mercado novos processadores Kirin.

O movimento é um golpe duro à Huawei: caso a crise persista e a interrupção nas relações com a ARM seja prolongada, a atuação tanto no mercado de infraestrutura de telefonia, quanto no de smartphones ficaria comprometida.

Isto porque processadores avançados usados em celulares de ponta– seja o A12 da Apple, o Snapdragon 855 da Qualcomm ou o Kirin da Huawei/HiSilicon – usam tecnologias fundamentais da ARM. Os fabricantes dependem de contratos firmados junto à ARM para ter acesso às tecnologias e poder implementá-las em novos produtos.

O mais grave sob o ponto de vista da Huawei é que não há como substituir a ARM, ao contrário do que é possível com alguns outros serviços e tecnologias que também fazem parte do bloqueio: a fabricante chinesa tem manifestado interesse em desenvolver um novo sistema para enfrentar o bloqueio ao uso do Android e ao Windows.

Há notícias de que, antecipando a crise, a Huawei formou um grande estoque de componentes, como processadores da Intel usados em seus notebooks, para enfrentar ao menos três meses de bloqueio.

Entretanto, a relação com a ARM se dá de uma forma diferente, já que a companhia britânica não fabrica processadores: ela basicamente vende direito de uso da sua tecnologia – você pode comparar essa relação à de um arquiteto que vende uma planta, não uma casa – para interessados, que então se encarregam de aplicar esse design (a planta, na nossa analogia) em um produto.

Como não é possível fabricar um processador compatível com tecnologias da ARM sem essa permissão, a Huawei pode enfrentar dificuldade em atuali

... zar o portfólio de produtos no futuro caso o impasse não seja resolvido. A subsidiária brasileira iniciou as vendas do P30 Pro na semana passada.

Além dos processadores para celulares, tecnologia da ARM também é usada em componentes instalados nos equipamentos de infraestrutura de telefonia da Huawei, mercado em que a chinesa é líder global.

Via BBC e The Verge



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