Se financiar uma casa é uma das suas metas para os próximos anos, prepare-se: assumir esse compromisso pode não ser uma boa experiência se você não estiver ciente de tudo o que te aguarda.

Quem pensa que, para ter a casa própria, é necessário apenas escolher um imóvel e pagar as prestações, está enganado. Há muitos outros custos envolvidos no financiamento de imóvel!

Mas não se assuste: com o planejamento correto, você pode realizar seu sonho sem sustos. Para isso, indicamos os cuidados necessários para que você não seja pego desprevenido nessa empreitada.

1. Pesquise a empresa vendedora

Seja uma construtora ou imobiliária quem está vendendo, é importante pesquisá-la de todas as formas disponíveis.

Verifique se a construtora está registrada no Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia), bem como seus arquitetos e engenheiros; consulte sobre a empresa em órgãos de defesa do consumidor e sites especializados em reclamações de usuários; e verifique se ela responde a ações judiciais. Caso esteja lidando com construtoras, procure saber também sobre dívidas junto às Fazendas Públicas, que indicam possíveis problemas de saúde financeira.

Além disso, consulte o material impresso e as informações a respeito da obra ou do imóvel, veja se contemplam todos os tópicos do negócio e não deixe de analisar as taxas de juros e compará-las com as da concorrência. Taxas muito altas nem sempre significam serviço de qualidade, já as muito baixas podem trazer surpresas desagradáveis.

É aconselhável buscar a ajuda de um advogado especialista para análise das cláusulas contratuais.

2. Organize suas finanças e prepare-se para o compromisso

Quando um cliente busca o banco para fazer o financiamento de um imóvel, sua capacidade de pagamento é avaliada com uma série de questionários e por meio de documentos.

Outros compromissos como aluguel, empréstimos e, em alguns casos, aval de operações de terceiros, podem diminuir sua capacidade de pagamento. Portanto, diminua, e, na medida do possível, quite suas dívidas antes de iniciar o processo de financiamento.

A maioria das instituições pratica uma margem de 30% da renda mensal como comprometimento máximo. Apesar desse limite, o aconselhado mesmo é um máximo de 25% da renda mensal comprometida com o financiamento. Na verdade, quanto menor a porcentagem, melhor.

Você pode preferir também uma parcela maior e diminuir o tempo de empréstimo e a incidência de juros, mas é preciso tomar essa decisão com calma. Se houver uma mudança drástica na sua rotina, como desemprego, uma doença ou um problema familiar, você precisará de uma margem de segurança.

Imagine que seu orçamento fique apertado e você recorra a opções de crédito com juros absurdamente maiores, como cartão de crédito ou cheque especial. Os juros do financiamento imobiliário são bem mais baixos, então é melhor contratar uma parcela baixa e, caso tenha dinheiro extra, analisar a possibilidade de amortizar sua dívida.

3. Prepare-se para os demais custos da aquisição do seu imóvel

Financiar uma casa envolve custos que geralmente não são pensados previamente. Além de pagar as prestações, você também terá que lidar com taxas e impostos devidos.

Eis os principais:

  • Taxa de Avaliação do Imóvel

​Paga a um engenheiro, por determinação do banco, para avaliar as condições do imóvel e determinar seu valor de mercado. É esse valor que o banco aceitará como máximo para financiamento.

  • Diferença entre a avaliação e o preço de venda

Se o banco avaliar o imóvel abaixo do que é pedido pelo vendedor, você deverá arcar com a diferença de avaliação, além da entrada exigida pelo banco.

  • Valor de entrada

percentual financiável pelos bancos varia em torno de 90% para imóveis novos e 70% para usados.

  • Taxa de Abertura de Crédito (TAC)

Essa taxa é cobrada pelos bancos para a concessão de qualquer crédito.

  • Imposto sobre Transmissão de Bens Intervivos (ITBI)

Devido à transferência de propriedade do imóvel. Varia conforme o valor e a localização do bem.

  • Escritura pública e registro

É responsabilidade do comprador escriturar e registrar o imóvel, com pagamento que varia conforme o estado e o valor do bem.

4. Fique atento às informações contidas no contrato

Para não ser pego de surpresa, é fundamental ler atentamente as cláusulas contratuais.

Consulte se no corpo do contrato estão expressos:

  • As características do imóvel que você está adquirindo.
  • O preço acordado e os dados de pagamento (entrada, prazo, taxa de juros, parcelas).
  • O cálculo previsto para a correção monetária.
  • Quando haverá incidência de juros e seu valor.
  • Penalidades previstas para atraso ou inadimplência.
  • Prazo de entrega do imóvel.

Tudo que você tiver que pagar em termos de taxas, seguros e quaisquer outros tipos de compromissos, deve estar expresso no contrato.

Por isso, confira esse documento com calma para garantir que está tudo expresso e paraevitar cobranças indevidas, como:

  • Taxa de Interveniência

Esse pagamento onera o consumidor caso ele decida não realizar o financiamento com o banco que garantiu a obra. Essa taxa é de responsabilidade da construtora, portanto solicite sua retirada do contrato ou peça sua devolução judicialmente;

  • Taxa de Sati/ATI

A taxa de Sati/ATI (Serviço de Assistência Técnica Imobiliária) é para uma assessoria contratada pela imobiliária para cuidar da documentação do comprador (é cobrado cerca de 0,85%) e também pode ser considerado ilegal.

  • Taxa de corretagem

​As taxas de corretagem frequentemente nem chegam a ser informadas ao cliente. Seu total pode alcançar 5% do valor do imóvel e o consumidor é levado a pensar erroneamente que esse valor será descontado do total do bem.

As cobranças legais cabíveis no contrato correspondem a 2 seguros: o primeiro, por morte ou invalidez permanente e o segundo, chamado DFI, cobre danos físicos ao imóvel.

5. Tenha cuidado extra na aquisição do imóvel na planta

Caso pense em adquirir um imóvel na planta é preciso estar duplamente atento. Isso porque você terá 2 contratos: primeiro com a construtora e, depois, com o banco.

O pagamento se inicia durante a construção. Caso o financiamento demore a sair, você arcará com os juros da demora e poderá pagar cerca de 1% ao mês à empreiteira. Esse ônus é acrescido ao valor do imóvel e pode tornar o financiamento maior que sua capacidade de pagamento.

A cobrança do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) também engorda seu saldo devedor, portanto, trabalhe sempre abaixo da sua margem máxima.

Atente-se também à cobrança da famosa “parcela das chaves”, pois ela não é feita somente na entrega do imóvel. Mesmo que a obra atrase, você precisará pagá-la na data prevista para não ter problema.

Diante de todas essas informações, o conselho a ser dado a quem pretende financiar uma casa é: pesquise, leia, informe-se e questione!

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