A corrida de drones é uma realidade cada vez mais comum na Argentina. Considerado o esporte do futuro, a modalidade, que começou principalmente nos Estados Unidos e já teve testes onde o controle era a mente humana, chegou ao país vizinho do Brasil em 2015 e a cada ano tem conquistado mais pilotos e entusiastas, alguns inclusive já classificados entre os melhores profissionais do mundo.
Com cenários dignos de filmes e videogames, há quem diga que as corridas com os quadricópteros podem chegar um dia ao nível das famosas disputas de Fórmula 1. Além de ser estratégico, ao pesquisar e descobrir como e quais peças usar para passar mais rápido pelos obstáculos, um sistema inteligente permite acompanhar os drones ao vivo a 180 km/h durante as competições com o auxílio de óculos de realidade virtual, ou telas separadas, em FPV (Visão em Primeira Pessoa).
Na Argentina, a principal equipe à frente das corridas é a E6a Team, da capital Buenos Aires. Com onze pilotos, o grupo tem dois representantes no ranking dos dez melhores da IDRA (Associação Internacional de Corrida de Drone). Um deles, o profissional da área de telecomunicações Gustavo Iglesias costuma treinar em um clube aos finais de semana e foi atraído pelas competições com drones ao assistir uma disputa pelo YouTube.
"Era um vídeo com o título 'estilo Star Wars', em um bosque na França. Quando eu vi aquilo pensei 'que alucinante'. Comecei a pesquisar e comprei meu primeiro drone, um pequeno, na China", le
A próxima Fórmula 1?
Além do glamour dos circuitos cobertos de luzes de LED, as corridas de drone passaram a chamar a atenção pela possibilidade, assim como na Fórmula 1 e nos videogames, de conferir toda a competição em primeira pessoa. Auxiliado por câmeras analógicas para evitar o delay e reforçar a segurança, os dispositivos transmitem ao vivo tudo o que veem pela frente, como se o espectador ou o piloto estivessem dentro do quadricóptero.
As imagens podem ser conferidas em óculos de realidade virtual, no formato do Samsung Gear VR e do Oculus Rift, ou em uma tela separada, o que expande ainda mais as possibilidade das competições para as redes sociais ou para a TV, como já é feito hoje por alguns canais norte-americanos. Já no lado técnico dos robôs de corrida, o piloto Gustavo Iglesias explica que a estratégia também se assemelha com a Fórmula 1 ao precisar decidir quais peças utilizar em cada disputa.
"Posso usar hélice tripla ou dupla, com cinco ou seis polegadas. As baterias também podem influenciar no peso e na velocidade. Tem que pensar como você vai correr, assim como na Fórmula 1", indica Gustavo ao comparar as personalizações de um drone com os pneus e motores de carros de corrida.
Obstáculos
Além das curvas, como nas disputas de automóveis, as corridas de drones possuem obstáculos ao longo dos circuitos. Estes podem ser arcos, balões em forma de triângulo, ou até mesmo a "Torre de la Muerte", um tubo transparente para o drone passar pela vertical. Todos exigem técnicas de velocidade e voo em diferentes direções.
Segundo um dos fundadores da Drone Racing BA Diego Solasanto, responsável por organizar as três competições que já aconteceram na Argentina e as classificações para o campeonato da América Latina, que acontece em novembro na Colômbia, há regras para seguir, mas os obstáculos não são fixos em todas as competições.
"É permitido ser criativo. Existe um regulamento, mas temos a liberdade para improvisar nos circuitos de provas", afirma Diego.
Pista de treinos
Antes da criação da Drone Racing BA para organizar as competições, havia uma dificuldade dos pilotos da região para chegarem aos campeonatos e se classificarem no ranking mundial. Agora, no entanto, o impasse é a área de treinamento dos profissionais, que deve seguir regras, semelhantes às do Brasil, para voar.
Para resolver a questão, a Argentina está próxima de ser um dos primeiros países a ter um espaço físico para corridas de drones. Semelhantes às pistas de kart, que hoje também são utilizadas como local de treino para os pilotos, o circuito deve nascer em breve em um clube de Buenos Aires e poderá ser a opção para que os competidores se preparem para as disputas.
"Assim qualquer um vai poder treinar em um espaço destinado exclusivamente para a corrida de drones ou acrobacias", conta Diego, que ressalta a importância da área exclusiva por conta do crescimento da categoria. Hoje, na Argentina, são quase 170 pilotos e pelo menos seis equipes formadas em todo o país.
Investimento
Diferente dos populares drones para fotografia da DJI, como a linha Phantom, Mavic Pro, ou Spark, os quadricópteros utilizados nas corridas são personalizados para uso profissional, o que exige peças específicas. Como nem tudo são flores, este é exatamente um dos poucos bloqueios na Argentina para o crescimento do esporte, segundo os pilotos.
No país, não há fabricantes nacionais de drones, e muito menos empresas que fazem peças para modelos profissionais. Assim, a maioria dos competidores precisa desembolsar um dinheiro extra para importar baterias, hélices e chassis dos Estados Unidos ou da China.
A maior parte do investimento no novo esporte é paga em dólar, o que aumenta o custo da modalidade. Além disso, quando feitas online, as compras de peças para os drones podem demorar semanas para chegar, atrasando quem precisa treinar ou competir.
E o Brasil?
Em território nacional, as corridas de drones têm caminhado a passos curtos. Em fevereiro de 2017 aconteceu na Campus Party, em São Paulo, o primeiro campeonato brasileiro com os quadricópteros. Além disso, neste ano também foi lançada, em junho, a Associação Brasileira de Competições de Drone para regulamentar a prática do esporte no país.
Segundo a Associação, hoje o Brasil tem cerca de 150 pilotos de corrida, entre eles Rafael Paiva. Conhecido como “Spook”, ele é o único brasileiro na liga americana de corridas de drones Drone Racing League, além de ser o atual campeão nacional da modalidade.
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