O Nintendo 64 foi lançado em 1996 no Brasil e é um console muito querido até hoje. Além de ter feito a infância de alguns jogadores, ele serviu de casa para grandes sucessos, como Super Mario 64 e Zelda: Ocarina of Time. No entanto, embora seja tão adorado pelo público, há algumas curiosidades que poucos players sabem sobre a plataforma. Confira, na lista a seguir, dez fatos poucos conhecidos sobre o Nintendo 64, que completa 25 anos em 2021.
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1. Tecnologia 64 bits quase foi usada pela Sega
A guerra dos consoles nos anos 1990 passava muito pela quantidade de bits de cada plataforma. Ciente disso, a Nintendo decidiu investir em um sistema com 64 bits, com processamento gráfico da Silicon Graphics (SGI). A SGI era uma empresa do setor de semicondutores, que dominava tecnologias avançadas de computação gráfica duas décadas atrás.
Entretanto, a primeira parceria que a Silicon Graphics buscou no mercado foi com a Sega, concorrente da Nintendo na época. Caso as negociações tivessem sido bem sucedidas, é possível que o hardware de 64 bits, que apareceu no N64, ficasse reservado à Sega, surgindo no Sarturn ou em seu sucessor. Isso teria forçado a Nintendo a explorar outro caminho no processo de criação do substituto do Super Nintendo e talvez tivesse feito com que o 64 nunca existisse.
2. Lançamento em lojas de conveniência
O Nintendo 64 sofreu adiamentos e isso acabou contribuindo para uma grande expectativa em torno da chegada do novo console. Prevendo a alta demanda e o potencial para o caos, a Nintendo resolveu destinar parte do volume disponível da plataforma para lojas de conveniência. Isso serviu para aliviar a demanda em lojas de eletrônicos e especializadas, mas também funcionou como promoção do N64.
Disponível em lojas que inicialmente não vendiam esse tipo de produto, o Nintendo 64 acabou ganhando um espaço de destaque nesses locais. Sua campanha publicitária acabou fortalecida em seu lançamento, o que chamou a atenção do consumidor desinformado sobre a chegada do novo videogame.
3. Quase se chamou “Ultra 64”
Internamente, o Nintendo 64 era conhecido como “Project Reality”, codinome usado para ocultar o desenvolvimento da plataforma nos corredores da fabricante japonesa. Esse nome nunca foi pensado como a versão comercial do produto, que, até bem pouco tempo antes do lançamento, era batizado de “Ultra 64”. A ideia é que o termo do nome funcionaria como uma indicação de que estava acima do “Super”, do Super Nintendo.
No fim das contas, o “Nintendo Ultra 64” não saiu do papel porque, perto do lançamento, a Nintendo descobriu que poderia ter dor de cabeça nos tribunais. Isso porque, na época, a Konami tinha registrado direitos de uso do termo “Ultra”, o que motivou a alteração para o nome Nintendo 64, como conhecemos hoje.
4. Teve lançamento simultâneo nos EUA e Brasil
Consoles lançados simultaneamente no Brasil e nos Estados Unidos são hoje um lugar comum, mas nos anos 1990 isso era raro. Isso porque, como o mercado nacional era menor, os fabricantes não tinham muito interesse em localizar seus produtos, nem de lançá-los de forma oficial no país. O PlayStation (PS2), por exemplo, só chegou por aqui oficialmente em 2009.
Com Nintendo 64, porém, isso foi diferente: o console japonês chegou ao Brasil oficialmente em 29 de setembro de 1996, mesma data de lançamento dos Estados Unidos. A versão nacional chegou por R$ 659 (R$ 4.995, em valores corrigidos pela inflação) e foi facilitada pela parceria que a Nintendo tinha com a brasileira Playtronic, que ficava como responsável pela fabricação e suporte da plataforma no país.
5. Cartucho limitou catál
Ao contrário do que já era uma tendência clara na indústria, a Nintendo persistiu nos cartuchos com o Nintendo 64, em lugar dos CDs que eram usados no PlayStation e no Sega Saturn. Isso tinha algumas vantagens, como a oferta de jogos que funcionavam sem necessidade de loading e de mídias mais resistentes. No entanto, o sistema também oferecia algumas limitações.
Uma delas era a impossibilidade do cartucho competir com o CD em capacidade de armazenamento – ou, pelo menos, de fazer isso dentro de um custo razoável. Com menos espaço disponível, jogos do N64 não tinham tanta mídia, como músicas e vídeos, por exemplo, diferentemente do que os rivais da época ofereciam. Além disso, o sistema comprometia também a inclusão de texturas e modelos mais complexos. No fim das contas, essas limitações podem ter comprometido o catálogo de jogos, que acabou majoritariamente dominado por games de plataforma e com gráficos mais infantis.
6. Super Mario 64 foi o jogo mais vendido
O primeiro Mario 3D, Super Mario 64 seria o jogo mais vendido do N64. Entre os fatores que favorecem o bom desempenho do cartucho, está a disponibilidade no lançamento (havia apenas dois disponíveis em setembro de 1996), o que prolongou sua vida útil no mercado. Além disso, há o fato de que Super Mario 64 era vendido junto com o console em alguns mercados – como no Brasil, por exemplo.
Em números totais, estima-se que mais de 11 milhões de cópias do jogo tenham sido comercializadas até 2003. O segundo lugar entre os mais vendidos do N64 é Mario Kart 64, com um total estimado em 9,8 milhões, enquanto o terceiro ficava com GoldenEye 007, com 8 milhões de unidades.
7. 40 Winks, de 2019, é o último jogo do N64
O Nintendo 64 teve um ciclo prolongado no mercado, com as vendas parando apenas em 2003, depois que 32 milhões de unidades foram vendidas no mundo todo. Naquele ano, Tony Hawk 3 seria o último jogo do console por muitos anos.
No entanto, em 2018, o jogo 40 Winks recebeu financiamento via Kickstarter para se tornar realidade. Lançado em 2019, o título é uma versão de um game para PlayStation que tinha sido cancelado pouco antes de 1999. Ele foi finalizado e lançado oficialmente Piko Interactive, um estúdio especializado em novos games para consoles antigos.
8. Nintendo teve mão pesada na censura de games
O histórico da Nintendo com a censura e sobre o que podia ou não haver nos jogos de suas plataformas já é bastante conhecido. No 64, alguns capítulos dessa política interna dos japoneses são bem curiosos – entre eles, um sobre a versão para consoles de Cruis’n USA, arcade de corrida da própria Nintendo originalmente criado para fliperamas.
Na versão fliperama, uma garota vestindo biquíni aparece ao fim da corrida segurando um troféu. Já na edição para N64, a mesma menina acabou mais comportada, usando camiseta em vez de roupa de banho. O jogo também perdeu a explosão de sangue que ocorria em colisões contra animais na pista, além dos textos com duplo sentido.
Além disso, também aconteceram algumas alterações para diminuir polêmicas políticas. A figura de Hillary Clinton em uma cédula de 100 dólares, por exemplo, foi removida, e a cena final do jogo no fliperama, com Bill Clinton dentro de uma banheira no telhado da Casa Branca, cedeu espaço para um comportado display do carro usado pelo jogador.
9. Nintendo criou uma versão fliperama do N64
Nos anos 1990, os fliperamas ainda eram uma plataforma relevante no mercado de games. Por isso, a Nintendo tinha interesse em mostrar ao público fiel das máquinas – na época, populares em shoppings, bares e casas noturnas – o que o N64 podia fazer.
O Aleck64 é o nome dado ao fliperama baseado no Nintendo 64 original. Ele foi desenvolvido em parceria entre SETA e Nintendo, no Japão. Ao todo, foram lançadas, entre 1998 e 2003, 11 versões de jogos como Eleven Beat, Kurukuru Fever, Magical Tetris Challenge e Vivid Dolls. Restrito ao mercado japonês, o Aleck64 não teve lançamento no mercado do ocidente.
10. Não foi o primeiro 64 bits
Para a Nintendo, defender a supremacia do hardware do seu novo console era tão importante que os 64 bits foram parar no nome da plataforma. Isso contrastava de maneira relevante com os rivais PlayStation e Saturn, que eram 32 bits.
Bit é uma unidade de medida de informação. No contexto de videogame dos anos 1980 e 1990, ele se relaciona ao desempenho desses sistemas, indicando o volume de dados que cada plataforma poderia dar conta de processar por ciclo do processador.
O curioso é que, no fundo, o Nintendo não seria o primeiro console da história com hardware de 64 bits. A rigor, essa honra cabe para o Atari Jaguar, de 1993, que seria o último console da Atari e também um estrondoso fracasso comercial. Há quem argumente que, no fundo, o Jaguar era um sistema de 32 bits com dois processadores, o que totalizaria 64 bits.
Com informações de GameRant, MentalFloss, eBaum’s World, The Gamer e US Gamer
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