O 94º aniversário de Zuzu Angel recebeu uma homenagem do Doodle do Google, nesta sexta-feira (5). A estilista brasileira, que ficou conhecida internacionalmente, não ganhou reconhecimento apenas pelo trabalho com moda, mas também pela procura de seu filho Stuart Angel, desaparecido político na ditadura. Zuleika Angel Jones, nascida Zuleika de Souza Netto e conhecida como Zuzu, morreu de maneira trágica, 14 de abril de 1976, ao capotar com seu carro em um túnel na Zona Sul do Rio.
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Nascida em Minas Gerais, por muitos anos a morte de Zuzu em um acidente de carro no Rio de Janeiro foi motivo de discussões políticas. Em 2014, a Comissão Nacional da Verdade confirmou que agentes da repressão do DOPS, Departamento de Ordem Política e Social, tiveram participação no ocorrido.
História de Zuzu Angel na Moda
Zuzu começou a costurar e criar modelos ainda criança, quando fazia roupas para as primas em Minas Gerais. Foi para a Bahia, de onde recebeu muitas influências no seu trabalho e, no fim dos anos 40, mudou-se para o Rio de Janeiro. Por volta de 1950 começou a trabalhar como costureira e trilhar caminho na área da moda.
Vinte anos depois, a estilista investiu seu dinheiro em uma loja na Zona Sul do Rio de Janeiro, em Ipanema. Pioneira na moda brasileira, misturava rendas, sedas, fitas, muito estampado e pedras brasileiras, fragmentos de bambu e de madeira, além de conchas. Fez sucesso não só no país como em todo o mundo, principalmente nos Estados Unidos, país de origem do marido Norman Angel Jones.
Embates com a ditadura
Stuart Angel, filho de Zuzu Angel, era estudante de economia e se juntou ao grupo MR-8, uma das organizações que combatiam a ditadura militar instaurada em 1964 no Brasil. O jovem foi preso em 14 de abril de 1971. Ele teria sido torturado e morto pelos militares, que o declararam desaparecido.
Com a perda do filho, Zuzu começou uma luta contra a ditadura. Pela recuperação do corpo de Stuart, a estilista envolveu seu trabalho e até mesmo os Estados Unidos nas buscas. Ela lançou uma nova coleção estampada com manchas vermelhas, pássaros engaiolados e a temática de cunho bélico.
O anjo, ferido e amordaçado em suas estampas, tornou-se um símbolo da luta. Em 1971, chegou a fazer um desfile-protesto no consulado brasileiro de Nova York. Sua luta ficou reconhecida em todo o mundo, sendo destaque em diversos veículos de imprensa e virando filme em 2006, "Zuzu Angel".
Envolvida ativamente na causa, Zuzu Angel chegou a entrar em contato com diversas celebridades e autoridades americanas e europeias para que lhe ajudassem. No entanto, pouca coisa adiantou. O corpo de Stuart nunca foi encontrado e ele continuou sendo tratado como desaparecido político.
Morte em acidente
A busca de Zuzu pelo corpo do filho se encerrou de maneira trágica na madrugada de 14 de abril de 1976. O carro que ela dirigia derrapou na saída de um túnel no Rio de Janeiro, capotou e caiu na estrada. A estilista morreu na hora. Uma semana antes do acidente, Zuzu deixara na casa do cantor Chico Buarque um documento que dizia: “Se eu aparecer morta, por acidente ou outro meio, terá sido obra dos assassinos do meu amado filho”, dizia a carta.
O caso foi investigado durante décadas
Guerra destacou a presença do coronel do Exército Freddie Perdigão, famoso agente da repressão e torturador, em uma das fotos do local do acidente que matou a estilista, tirada em 14 de abril de 1976. Para a Comissão da Verdade, que investigou o caso, a imagem era uma comprovação do envolvimento de militares na morte de Zuzu.
Anos depois, a estilista foi homenageada com uma música de Chico Buarque, um romance de José Loureiro e um filme de Sérgio Rezende, no qual foi interpretada por Patrícia Pillar. Em 1993, sua filha Hildegard Angel criou o Instituto Zuzu Angel de Moda do Rio de Janeiro e, em 2000, a estilista foi enredo da União da Ilha do Governador.
*Colaborou Isabela Giantomaso
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