“Quero um celular que não me traga preocupações com relação à bateria.” Faz tempo que ouço esse pedido de quem quer comprar um novo smartphone. Justamente com a proposta de longa autonomia de uso, a Samsung traz para o Brasil o Galaxy Note 9. O lançamento de 2018 tem preço sugerido a partir de R$ 5.499, com direito ao processador Snapdragon 845 e à caneta digital S Pen na ficha técnica. O telefone chega às lojas e, com ele, a dúvida: vale a pena comprar o sucessor do Galaxy Note 8? Você descobrirá nas linhas a seguir.
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Bateria de sobra
Se a bateria do Galaxy Note 7 se tornou um case de como não conduzir a fabricação de um celular, agora podemos dizer que os sul-coreanos acertaram em cheio: o Galaxy Note 9 traz bateria de 4.000 mAh, com potência 21% superior à geração anterior. O modelo deste ano não decepciona quando o usuário mais precisa do telefone: após horas e horas longe da tomada.
Em nosso experimento, o Note 9 ficou até 22 horas funcionando continuamente, num teste que inclui uso de redes sociais e aplicativo de e-mail, streaming de vídeo por uma hora (com brilho da tela em 75%) e transmissão de música online. Eu despluguei o celular da tomada às oito da manhã. Ele começou a reclamar e entrou em modo de economia de energia às onze da noite. Só foi desligar por completo no dia seguinte, às seis da manhã, quando eu acordava de um bom sono.
Claro que não existe teste definitivo de bateria, mas a descrição acima tem tudo para ser mais exigente do que o uso cotidiano de muitas pessoas – que normalmente ficam em aplicativos de mensagem, música e câmera. Ou seja, pode ser que o novo Galaxy ultrapasse a barreira das 24 horas ligado, a depender do perfil de utilização.
Comigo foi comum chegar em casa com 30%, 25% de bateria restantes nos dias menos movimentados. A questão da energia disponível deixou de ser uma preocupação. Se o seu atual telefone te obriga a andar com um carregador a tiracolo, este dispositivo pode ser o derradeiro substituto.
Mais que uma stylus
Um dos trechos mais marcantes do lançamento do iPhone, lá em 2007, traz Steve Jobs fazendo chacota da caneta eletrônica necessária para acionar as telas dos supostamente telefones inteligentes da época. Pois bem, a Samsung aposta nesta tecnologia desde o início da linha Galaxy Note, trazendo interessantes possibilidades para os entusiastas da marca.
Desde sempre é possível fazer anotações manuscritas, como se fosse um caderno. Um colega chegou a me confidenciar que gosta da canetinha para ficar no celular durante as reuniões, visto que os demais participantes do compromisso não veem problema em rabiscar no dispositivo (ao contrário de digitar na telinha, uma falta grave em muitas corporações).
A seleção inteligente reconhece palavras do que é exibido no display e possibilita
Nenhum dos recursos que cito acima é novo, embora todos sejam bem-vindos de se ter em um smartphone voltado para trabalho e produtividade. Com o Galaxy Note 9, a Samsung vai além: transforma a caneta S Pen num controle remoto. Uma vez fora do compartimento secreto, ela se comunica com o telefone por meio do Bluetooth e envia comandos para os mais variados aplicativos.
O Spotify possibilita pausar com um toque no botão da S Pen ou pular para a música seguinte com toque duplo. Comportamento similar faz o YouTube passar para o próximo vídeo. Utiliza PowerPoint no ambiente de trabalho? Mesma coisa.
Agora, no meu uso particular, o destaque é o controle remoto no aplicativo oficial de câmera. Em primeiro lugar, é muito divertido estender o Note 9 para bater uma selfie e, na sequência, entregar a canetinha para que a outra pessoa acione o obturador. Excelente forma de quebrar o gelo! Segundo lugar: não há mais aquela necessidade de segurar o celular e tocar no botão de disparo ao mesmo tempo. Não sei contigo, mas comigo, às vezes, a foto saia tremida por causa deste movimento.
A Samsung acertou em cheio ao adicionar comunicação sem fio à S Pen. Mesmo quem não a utiliza para rabiscar diariamente se lembra de que é possível inovar no mundo dos celulares e também de que pequenos detalhes importam.
Recursos de controle remoto dependem de energia. De acordo com a Samsung, o botão físico da S Pen possibilita 200 cliques seguidos. Acabou a bateria? É só recolocar o apetrecho no compartimento e esperar 40 segundos.
Desempenho de ponta
Antes de seguir com esta análise, é importante que você entenda que há variantes do Note 9 com dois processadores distintos: Snapdragon ou Exynos. Chega ao Brasil o smartphone com a primeira opção. Já este review leva em consideração o segundo chip, uma vez que era o único disponível quando o telefone foi lançado nos Estados Unidos.
Posso lhe assegurar que a experiência de uso foi a melhor possível. O sucessor do Note 8 é extremamente veloz, executa os comandos muito rapidamente e raramente passa por engasgos. Fez bonito até mesmo em condições extremas, como o modo multitarefa que divide a tela com dois aplicativos rodando simultaneamente.
Os representantes da Samsung Brasil são categóricos em afirmar que a performance é similar nos dois chips. Caso a informação se confirme, não há restrições em adotar o Snapdragon 845, com direito a 8 núcleos e velocidade máxima de 2,4 GHz. Não existe processador mais eficiente na indústria, ao menos enquanto escrevo este texto. De quebra, os brasileiros podem ficar despreocupados com relação à conexão 4G porque o componente fabricado pela Qualcomm funciona melhor na nossa rede de telefonia.
Gosta de benchmark? Então aqui vão os números recolhidos com o AnTuTu:
– Pontuação geral: 240.755 (derrotou 78% dos usuários, segundo o aplicativo)
– CPU, o cérebro do telefone: 83.483 (à frente de 84% dos usuários)
– GPU, o chip para gráficos: 96.194 (acima de 84% dos usuários)
– Memória: 8.057 (também à frente de 84% dos usuários)
Toda a análise se baseia no Galaxy Note 9 com memória RAM de 6 GB e armazenamento de 128 GB.
Os usuários ávidos por ainda mais desempenho também contam com a edição parruda que traz memória RAM de 8 GB e armazenamento de 512 GB. Tudo me leva a crer que terá velocidade estelar, muito bem-vinda para quem depende de aplicações pesadas e simultâneas. Não por acaso, tem preço ainda maior: R$ 6.499.
Tela deslumbrante
Reza a lenda que os celulares com tela grande caíram no gosto de parcela dos consumidores. Essa tem sido uma característica da linha Note que se renova com o produto mais recente: o Note 9 emprega display de 6,4 polegadas. Ele cresceu em relação ao modelo de 2017 com suas 6,3 polegadas. Também ficou mais alongado.
O painel Super AMOLED garante cores muito vivas e a típica saturação vista em telefones da Samsung. Não tenho queixas quanto à qualidade da imagem. Enquanto o mercado se movimenta para uma realidade de muitos topetes, os sul-coreanos insistem num smartphone sem notch. Em vez disso, ele traz bordas superior e inferior que não chegam a me incomodar, mas certamente se tornam uma questão para quem abomina espaços pretos na frente do dispositivo.
A tela curva continua sendo uma marca registrada dos celulares mais sofisticados da Samsung. Nenhum outro ator relevante no mercado brasileiro oferece algo similar. Com isso, a pegada do smartphone fica melhor. Já os cantos arredondados da tela são deveras charmosos (apesar de não haver novidade alguma nisso, considerando-se que estamos em pleno 2018).
Câmera dupla com abertura variável
O Galaxy S9 Plus chegou ao mercado no primeiro semestre e logo recebeu uma avaliação extremamente positiva no quesito fotografia. Agora considere que os engenheiros pegaram a mesma tecnologia e puseram no Galaxy Note 9: o resultado são fotos sensacionais tanto em ambientes com alta incidência de luz quanto em condições de baixa luminosidade. Seja na praia ou na balada, estes telefones são a opção mais prática para quem não quer se preocupar com ajustes manuais e com a possibilidade de a foto sair aquém do esperado.
A câmera traseira registra imagens em 12 megapixels, com excelente nível de detalhes e alcance dinâmico particularmente interessante sob a luz do sol. Há o benefício da abertura variável, que se comporta como o olho humano e se ajusta às condições de luz. Nenhuma outra fabricante traz a tecnologia. Há estabilização de imagem (OIS) nas duas lentes/sensores e zoom óptico de 2x.
O foco dinâmico faz o mesmo que o modo retrato do iPhone: deixa o fundo desfocado e destaca o personagem da foto. Não é sempre que o recurso funciona conforme o esperado, então é sempre bom checar se o resultado final deu certo. Caso não dê, a Samsung tem a vantagem de ajustar a intensidade do efeito depois que a foto foi salva.
Quem teve contato com celular Samsung nos últimos anos percebeu que às vezes surge o aviso de que a lente está suja. Dando um passo à frente, o Galaxy Note 9 informa quando a imagem fica tremida e quando alguma pessoa pisca bem no momento da foto. Também há inteligência artificial para automaticamente melhorar as fotografias em variadas situações, como reuniões em família, bichos de estimação, paisagens e alimentos. No entanto, o recurso mostrou pouca ou quase nenhuma melhoria nas comparações que fiz – com isso, temos fotos fiéis às cores, às texturas e aos detalhes.
Enquanto isso, a câmera frontal faz selfies de 8 megapixels. Também tem foco dinâmico, porém sem utilizar hardware para isso, mas sim inteligência artificial. Os resultados variam de excelentes a apenas okay. De toda forma, é interessante a adição de mais esta possibilidade. Aqui convém lembrar para desativar o modo embelezamento que deixa as pessoas como se fossem bonecos de cera.
Android com Samsung Experience
O Note 9 sai de fábrica com Android O (8.1). Todo o visual foi trocado pelo padrão da Samsung, muito elegante e de fácil utilização. Repare que a fabricante sumiu com a fantasmagórica marca TouchWiz depois de anos trabalhando para tornar sua camada de software eficiente e repleta de recursos adicionais.
Por exemplo, a funcionalidade de Par de Apps executa combinações de aplicativos simultaneamente – eles são exibidos lado a lado, tirando proveito da enorme tela. A Pasta Segura armazena documentos com direito a criptografia e a carteira digital Samsung Pay te deixa pagar as compras do dia a dia com o telefone. Sem falar no Always On Display e nas possibilidades da S Pen (como escrever uma mensagem e mandar para um amigo).
A bola fora fica por conta da assistente virtual Bixby. Ela é basicamente inútil. A central de tarefas exibe informações que são mais fáceis de serem consultadas nos aplicativos de agenda e de anotações, por exemplo. Para completar, o equivalente à Siri, com compreensão da fala humana, não funciona em português, mesmo tendo se passado dois anos desde que a tecnologia foi introduzida.
Precisamos falar de ergonomia
Seria impossível colocar uma bateria tão poderosa sem mexer nas dimensões do celular. O Note 9 ficou mais espesso e também está mais pesado. De acordo com a ficha técnica, ele pesa 201 gramas, contra 195 gramas do Note 8 e 174 do iPhone X. Na prática, ficou mais difícil de sustentar o telefone nas mãos por muito tempo, a menos que o seu treino funcional na academia contemple levantamento de dispositivos móveis. O cansaço chega mais rápido e o trambolho também requer bolsos generosos.
Também tem a questão da digitação. Devido à telona, está mais complicado de digitar com apenas uma das mãos. O ideal é usar os dois polegares. Ainda assim, quem tem mãos pequenas pode se sentir incomodado com a nova realidade.
Ao menos criadores do celular foram espertos em transformar o leitor de impressões – localizado na parte de trás – em um atalho para a central de notificações do Android. Passe com o dedo nele, no movimento de cima para baixo, para descortinar os alertas mais recentes do sistema do Google.
Vale a pena comprar o Galaxy Note 9?
O resumo da ópera é o seguinte: se você busca alto desempenho tanto no poder de fogo quanto nas fotografias, o Note 9 é uma excelente opção. Não tenho queixas quanto ao primeiro quesito. O segundo traz algumas inconsistências, mas são poucas e totalmente contornáveis.
A nova S Pen me mostrou algumas necessidades que eu não sabia que tinha, como bater selfies menos tremidas ao acionar o obturador com a outra mão. A canetinha também aparece entre as ferramentas mais usadas pelos compradores de Note, o que reforça a necessidade de mantê-la na linha.
Sua bateria fez bonito e a tela é excelente para ver filmes e séries. Por sua vez, o telefone está grandão, o que pode ser um transtorno para parcela dos consumidores.
O preço é um problema. O Note 9 custa R$ 1.100 a mais do que o Note 8 na época de seu lançamento no Brasil. Não há variação de dólar que justifique essa diferença, apesar de o modelo ter mais armazenamento. A dica aqui é esperar alguns meses até que comece a cair, como normalmente acontece no mundo do Android.
Ficha técnica do Samsung Galaxy Note 9
Tamanho da tela: 6,4 polegadas
Resolução da tela: QuadHD+ (2960 × 1440 pixels)
Painel da tela: Super AMOLED
Câmera principal (dual): grande angular de 12 MP e abertura variável (f/1.5-2.4); teleobjetiva de 12 MP e f/2.4
Câmera frontal (selfie): 8 MP e f/1.7
Sistema: Android 8.1 Oreo
Processador: Qualcomm Snapdragon 845 (8 núcleos)
Memória RAM: 6 GB ou 8 GB
Armazenamento (memória interna): 128 GB ou 512 GB
Cartão microSD: compatível
Capacidade da bateria: 4.000 mAh
Dual SIM: sim (comercialmente chamado de Samsung Duos)
Telefonia: LTE de até 1,2 Gb/s
Peso: 201 gramas
Cores: preto, azul e cobre (marrom)
Preços: R$ 5.499 (128 GB) e R$ 6.499 (512 GB)
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