A paiN Gaming, uma das equipes mais tradicionais do cenário brasileiro de League of Legends, amargou o primeiro rebaixamento da história no primeiro semestre deste ano. Dona de dois títulos do CBLoL, a organização paulistana se movimentou na janela de transferências e praticamente renovou a line up para o segundo split.
O primeiro grande passo já foi dado. Após péssimas apresentações no primeiro semestre, a necessidade de uma reformulação envolvendo membros e comissão técnica era esperada. A paiN Gaming vai precisar aprender com os erros do passado para retornar à elite. Entenda por que as perspectivas em São Paulo estão mais promissoras do que nunca:
Reforços pontuais
Do elenco formado para o primeiro split, a paiN Gaming acertou ao continuar com os dois jogadores mais regulares da campanha que culminou no rebaixamento: o meio Thiago "TinOwns" Sartori e o atirador Pedro "Matsukaze" Gama. Com tempo de casa e entrosamento obtido ao longo dos últimos meses, os atletas devem ser os pilares da reconstrução.
Thiago "Djokovic" Maia foi contratado para assumir o comando técnico no lugar de César "jUc" Barbosa. Com passagens por ProGaming, Vivo Keyd, CNB e INTZ, o treinador brasileiro é gabaritado e experiente o suficiente para conduzir o novo projeto. "Djoko" formou-se em medicina e se dedicará exclusivamente, a partir de agora, ao cargo de direção.
Na rota superior, Murilo "takeshi" Alves arrumou as malas rumo à Team One. Meio de ofício desde o início da carr
Ayel tem se destacado no cenário. O atleta vinha acumulando temporadas regulares na INTZ desde 2016, quando foi contratado junto a RED Canids. Embora não tenha títulos de CBLoL na carreira, o top laner foi importantíssimo em 2017. Naquele ano, os Intrépidos foram líderes na fase de grupos em ambos os splits.
Na selva, a paiN Gaming tem agora Carlos "Nappon" Rücke como titular. O jogador estava na reserva da Matilha e foi pouco utilizado durante os últimos meses. O reforço chega junto de Hugo "Dioud" Padioleau, também da RED Canids. Juntos, caçador e suporte foram campeões do primeiro split do CBLoL 2017. Eles terão uma nova oportunidade para mostrar serviço.
Nappon ficou conhecido por dois roubos espetaculares de Barão durante o Mid-Season Invitational 2017. O atleta, inclusive, ganhou homenagem da própria Riot Games durante a edição deste ano. Já Dioud é um velho conhecido da paiN. O francês foi campeão com a organização em 2015 e participou da melhor campanha brasileira em mundiais.
Os titulares chegam para assumir as posições de Caio "Loop" Almeida e Rodrigo "Tay" Panisa, que saíram para RED Canids e INTZ, respectivamente. Alvo de constantes críticas por parte da antiga torcida, o ex-caçador da paiN Gaming chega ao novo time como substituto de Ayel. Esta é a quarta posição diferente de Tay no competitivo, que só não atuou como suporte.
Treino de luxo?
A nova formação da paiN Gaming é tecnicamente superior aos demais elencos do Circuito Desafiante. Isso não significa que a organização paulistana terá vida fácil no segundo semestre. A segunda divisão do League of Legends brasileiro vem se tornando cada vez mais competitiva. Flamengo que o diga.
O Rubro-Negro foi em busca da promoção com jogadores consagrados do país como Felipe "brTT" Gonçalves, Thúlio "SirT" Carlos e o técnico Gabriel "MiT" Souza. O resultado não foi exatamente o esperado. O clube carioca perdeu o título para a Ilha da Macacada Gaming e só confirmou a ida à elite contra a Team One, na série de acesso, após cinco partidas acirradas.
O retrospecto do Flamengo na segunda divisão deve servir de exemplo para paiN Gaming. Mesmo estando em uma competição considerada "inferior", Djokovic e seus comandados precisam estar devidadamente preparados para o calendário a partir de junho. Caso contrário, certamente encontrarão dificuldades para retomar ao topo.
Estarão no segundo split do "Circuitão" as tradicionais Operation Kino, T Show e Team One, a surpreendente WP Gaming e a Submarino Stars, equipe formada por streamers da Twitch. Felipe "YoDa" Noronha, João Vitor "Zuao" Morais e Alanderson "4Lan" Meireles, nomes conhecidos do público brasileiro, são algumas presenças até então confirmadas.
A passagem pelo Circuito Desafiante, entretanto, chega em boa hora. O período servirá como laboratório de testes para a equipe fundada por Arthur "PAADA" Zarzur. Os novos integrantes da line up terão tempo o suficiente para definir um padrão de jogo, se organizar enquanto equipe e ganhar entrosamento.
Aprendendo com os erros
A diretoria da paiN Gaming vem acumulando sucessivos erros de gestão desde o bicampeonato conquistado em 2015, quando Matheus "Mylon" Borges, Gabriel "Kami" Santos, brTT, Dioud e SirT encantaram o Brasil e surpreenderam o mundo. De lá pra cá a organização não manteve a regularidade esperada de um campeão. Pelo contrário.
Foram várias as decisões tomadas de forma precipitada. A começar pela saída de Dioud. Alegando problemas de comunicação, a equipe paulista decidiu não renovar com o suporte francês, que havia sido um dos grandes destaques da campanha vitoriosa em 2015. Loop era o primeiro nome da lista de possíveis substitutos.
Loop e paiN foram atores de um imbróglio jurídico envolvendo a INTZ. Os até então campeões do CBLoL foram acusados de aliciamento por parte dos Intrépidos, que prontamente acionaram a Riot Games. As punições foram severas. Enquanto a paiN perdeu os direitos de premiação do primeiro split de 2016, Loop ficou impossibilitado de jogar durante o período.
Sem tempo suficiente para buscar alternativas na janela de transferências, a diretoria se viu obrigada a efetivar o streamer Matheus "Picoca" Tavares. Picoca, que nunca havia disputado um torneio competitivo na história, acabou assumindo a titularidade na rota inferior junto de brTT. Erro que custou a manutenção de toda uma trajetória de sucesso obtida em 2015.
O famoso atirador carioca, a propósito, também se envolveu em polêmicas naquele ano. BrTT se desentendeu com o técnico MiT, passou um longo período no banco de reservas, e inevitavelmente, acabou deixando a organização. MiT e SirT também se desligaram do time. Mylon se aposentou em outubro de 2017, mesmo ano em que Kami anunciou uma pausa na carreira.
A diretoria viria a tomar outras decisões questionáveis em 2018: manteve o inexperiente técnico jUc como head coach da equipe e improvisou o mid laner Takeshi como titular na rota do topo. As apostas mostraram-se equivocadas, os jogadores atuaram aquém do esperado e a paiN Gaming não encontrou forças para evitar o rebaixamento.
Novos ares
Diretoria, jogadores e comissão técnica ganham agora uma nova chance para virar a trágica página de 2018. A qualidade dos novos reforços é inevitável, e a tendência é que a organização paulistana não encontre muitos obstáculos no caminho para se reerguer. Acostumada a estar sempre no topo, é obrigação da paiN Gaming retornar à primeira divisão.
Deixados de lado na RED Canids em 2017, Dioud e Nappon estão ansiosos para mostrar serviço novamente. Djokovic está em busca do seu primeiro título como técnico de League of Legends. Por fim, Matsukaze e TinOwns precisam retribuir a confiança depositada por PAADA e companhia. O cenário não poderia ser melhor, apesar das circunstâncias.
Os novos tripulantes da paiN Gaming começam a caminhada em busca do acesso a partir do dia 9 de julho. Até lá, Djokovic e seus comandados terão tempo de sobra para acertar as arestas, esquecer os erros do passado e voltarem a fazer bonito.
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