O cibercrime na América Latina – e principalmente no Brasil – está em crescimento. Quem garante é Dmitry Bestuzhev, chefe de pesquisa e análise da Kaspersky Lab para a região. Ponderando mais os riscos, os criminosos locais que praticam golpes financeiros também fizeram dois movimentos nos últimos anos: tiraram o foco do correntista para atacar diretamente os bancos e passaram a contar com a ajuda de estrangeiros para invadir os sistemas.
Hackers têm novo alvo para ataques de ransomware: sequestrar PCs de empresas
O especialista contou detalhes para o TechTudo durante o Security Analyst Summit (SAS), fórum sobre segurança que aconteceu entre os dias 3 e 4 de abril na Ilha de São Martinho (Caribe).
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“Os criminosos brasileiros estão trabalhando mano a mano [de mãos dadas, em espanhol] com criminosos de outros países. Não somente latino-americanos, estamos falando de bandidos da Europa Oriental, de países como Rússia, Ucrânia e outros”, afirma. Durante o evento, foram mostrados casos envolvendo equipes anônimas que atacaram em várias regiões simultaneamente ou com código semelhante, dando indícios de que há colaboração.
Mas nem tudo é tão elaborado. O importante desta conexão é compartilhar os códigos e trabalhar de forma associada para dividir os ganhos. “Para isso estão utilizando tradutor on-line como Google Tradutor e [o concorrente russo] Yandex Translator”, explica.
Bestuzhev sinaliza que muitos hackers russos não falam inglês. E também são poucos os golpistas brasileiros que falam russo. “Para não perder oportunidades, usam tradutores para se comunicar. Temos encontrado várias evidências disso”, acrescenta.
Ainda de acordo com as análises, os grupos estão mais fortificados e, neste momento acreditam que atacar os bancos — e não os clientes dos bancos — é mais efetivo. Os criminosos querem correr cada vez menos riscos para ganhar cada vez mais dinheiro. Logo, não vale a pena atacar o usuário comum que vai pagar pouco ou ter valores menores em suas contas bancárias. Já os cofres dos bancos estão sempre cheios.
Golpe de roteador "é coisa nossa"
Temos muitos aparelhos eletrônicos em casa como Smart TV, celular, outro celular, e todos se conectam no mesmo dispositivo: o roteador. Se o criminoso obtém o controle do roteador, obtém o controle sobre todos os aparelhos conectados. “O Brasil é um dos países em que os criminosos vêm obtendo muito êxito explorando vulnerabilidades em roteadores e causando muitos danos”, alerta Bestuzhev. O golpe já tem 'a cara do país'.
“Nesta escala não vemos em outros países além do Brasil. Falamos de centenas de milhares de roteadores comprometidos”, pontuou. Usuários que não trocam senhas, não fazem manutenção e aparelhos vendidos por fabricantes irresponsáveis causam o caos.
A responsabilidade por proteger o roteador, segundo Bestuzhev, é uma bola dividida. Há fabricantes que não se preocupam em oferecer correções de software para o consumidor, enquanto outros preferem disponibilizar patches com correções. Ainda é preciso envolver o usuário no processo de atualização, o que na maioria das vezes não é tão simples.
Neste caso, não há antivírus que ajude. Uma das opções, segundo o especialista, é adotar o Kaspersky OS no roteador, um sistema seguro para dispositivos conectados. Porém, a instalação do recurso também está longe de ser simples para um usuário comum.
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