O Hackathon Globo 2016 tem 50 participantes e sete jurados. E, neste ano, seis mulheres prometem fazer a diferença, seja nos grupos ou nas avaliações. São cinco desenvolvedoras e uma jurada, que representam um aumento em relação à edição anterior, quando o hackathon contou com quatro mulheres. Algumas estão na sua primeira maratona de tecnologia e apontam para uma mudança na área de computação, mesmo que a representatividade feminina ainda seja pequena no setor.
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Segundo Betina Farias, do Grupo 8, que trabalha com desenvolvimento em iOS (iPhone) e Web Front-end, é comum ter poucas ou nenhuma mulher nos círculos de programação. "Eu vejo uma certa mudança nos últimos anos. Mas, ainda assim, o número é muito baixo porque não é um ambiente muito receptivo - apesar de eu ser bem tratada - e muitas acabam desistindo. Por isso, fiquei feliz com a quantidade de meninas aqui no Hackathon Globo", analisa.
Para Camila Achutti, que entrou na faculdade em um Dia Internacional da Mulher, em 2010, e foi convidada para trabalhar no Google, nos Estados Unidos, há uma mudança de pensamento em relação às mulheres na área, mas no Brasil ainda faltam alguns incentivos. "Lá fora discutem como vão aumentar o número de mulheres na programação e aqui discutem o porquê de fazer isso", revela Camila, que está no Hackathon Globo como jurada convidada.
Camila é hoje uma das mulheres de maior destaque na área de desenvolvimento no país e acredita que a mudança e o aumento do público feminino pode começar logo na infância, com meninas que se interessam por tecnologia, mas não se vêem fazendo isso no futuro. "Hoje uma 'menina tech' de cinco anos ainda imagina um programador [homem] com o estereótipo nerd, que se esconde atrás do computador. Mas não é assim", afirma.
Desde que iniciou a graduação, Rosângela de Fátima Pereira, do Grupo 6, sempre trabalhou com homens. A especialista em Big Data também acredita que há uma mudança no mercado, mas o processo está em ritmo lento. "As meninas precisam saber que a tecnologia é uma opção para elas, mesmo com muita gente dizendo que mulher não tem raciocínio lógico, que não é a área ideal", diz.
Este é o primeiro hackathon para Camila Araújo, do Grupo 10. Segunda a estudante da UFMG, a mulher que já está na área se acostuma a trabalhar com muitos homens, mas acredita que para outras meninas a situação poderia causar estranhamento. "Acho que se eu tivesse saído de um outro ambiente ou fosse de outra área seria um pouco pior ser uma das cinco mulheres no meio de 50 participantes, mas agora já estou acostumada", conta.
Isa Almeida e Gabriella Mattos, ambas do Grupo 7, estão trabalhando na mesma equipe. Para Gabriella, estudante da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), formar equipes com mulheres é uma experiência diferente, porque, ao contrário de grupos masculinos, não há necessidade de uma liderança, afinal é uma experiência mais tranquila, com decisões em conjunto.
De acordo com Isa, competições como o hackathons provam que a qualidade do trabalho não altera com o gênero, mas que podem surgir piadas sexistas e outras formas de machismo desnecessárias. "Essa pode ser uma atitude de defesa dos homens, por se sentirem ameaçados de alguma forma, porque as mulheres são muito unidas justamente por serem minoria", completa.
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