Inspirados pela operação Carne Fraca, da Polícia Federal, dois cientistas da computação desenvolveram um aplicativo para ajudar o consumidor a identificar a origem das carnes que está comprando. O app Carne Fraca, que está disponível gratuitamente para celulares Android e para iPhone (iOS), lê o código de barras do produto e informa se a fabricante está sob investigação.
A operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal no dia 17 de março, descobriu um esquema de corrupção que liberava para venda alimentos sem fiscalização. Com isso, 21 empresas passaram a ser investigadas por adulteração das carnes vendidas. A repercussão da ação gerou dúvidas nos consumidores na hora de comprar os alimentos e o aplicativo veio para ajudar nessa decisão.
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A maior parte das empresas citadas na investigação é detentora de várias marcas, o que pode provocar dúvidas sobre qual produto é seguro consumir. Os desenvolvedores Caio Paes e Gustavo Pereira, formados pela Universidade Federal de Campina Grande, na Paraíba, criaram o Carne Fraca com o objetivo de ajudar o usuário a descobrir se as carnes e enlatados que ele está comprando no supermercado são de empresas investigadas pela Polícia Federal.
Caio explica que a ideia do app veio enquanto ele estava no mercado, ao observar as atitudes dos consumidores na hora de escolher o alimento. "Era uma mistura de desconfiança com desinf
Os criadores do app queriam aproveitar a repercussão do assunto e, por isso, lançaram o Carne Fraca rapidamente. A versão para iPhone (iOS) ficou pronta ainda no mês de março e, já na primeira semana de abril, o app estava nas lojas da Apple e do Google.
O Carne Fraca tem uma interface simples e, para ter acesso à informação, basta abrir o app e escanear o código de barras do produto. O software identifica a empresa e exibe uma mensagem dizendo a situação dela, ou seja, se está ou não sob investigação. Por enquanto, não é possível fornecer informações mais específicas, como se o lote que o usário fotografou foi afetado, porque esses dados não são divulgados pelas companhias.
Por exemplo, um pacote de frango de 1kg de uma determinada marca terá sempre o mesmo código de barras, mas o aplicativo não tem como diferenciar quais lotes estão contaminados e não devem ser consumidos. De qualquer forma, a proposta do Carne Fraca é identificar a marca do produto e dizer se ela está sob investigação. Assim, o cliente fica mais atento em relação aos alimentos daquela empresa, optando ou não por consumi-la.
"Não tem como sabermos isso até agora. Por isso, o aplicativo não afirma que o produto é estragado ou que está naqueles lotes de recall. A forma de evitar afirmações caluniosas ou injustiça com as empresas e ainda assim informar os consumidores foi a seguinte: a gente diz que o fabricante do produto X é a empresa Y. E como temos a lista com as 21 empresas investigadas na operação, dizemos se essa empresa Y está na lista ou não. O que queremos alertar aos consumidores é que aquele produto que ele comprou é de uma empresa que está sendo investigada. Não, necessariamente, que aquele produto que está nas mãos dele veio do lote manipulado", explica Caio Paes.
A verificação dos códigos de barras dos alimentos é feita manualmente pelos criadores do Carne Fraca. Atualmente, o app possui um banco com cerca de 150 produtos cadastrados, que incluem carnes de frango, bovina, salsichas e hambúrgueres. É importante ressaltar que produtos iguais possuem códigos de barras iguais. Ou seja, não há variação de acordo com o mercado ou lote, por exemplo. Como o aplicativo é colaborativo, os usuários podem ajudar cadastrando novos produtos para aumentar a base de dados. Cada vez que isso é feito, os desenvolvedores avaliam qual é a empresa produtora e se ela está na lista das empresas sob investigação para incluir no app.
O Carne Fraca foi fruto de uma atitude independente, sem apoio das empresas envolvidas e dos órgãos de defesa do consumidor. Caio admite que a ajuda do poder público seria bem-vinda. "Gostaríamos do apoio de órgãos públicos para incrementar o aplicativo com dicas e opiniões de especialistas em saúde pública e vigilância sanitária".
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