O PlayStation VR chegou ao mercado e trouxe uma nova forma de jogar no PS4, com a realidade virtual. Mais do que participar dos games, o jogador, agora, “entra” neles, tornando-se o personagem, vendo o mundo ao seu redor com novos olhos. Mas será que o PS VR é tudo o que a Sony prometeu? Confira em nossa análise.
PlayStation VR impressiona com o realismo de Resident Evil 7
O aparelho
Como aparelho, o PlayStation VR impressiona logo de princípio. Desde que sai da caixa ele impõe respeito, com design robusto, apesar de não ser tão grande quanto se imagina pelas fotos. Na verdade, é possível segurá-lo sem problemas com apenas uma mão, já que ele não é nem mesmo tão pesado assim.
Com dimensões que se encaixam quase que em qualquer tipo de cabeça, de menores a maiores, o PS VR tem bons pontos ajustáveis, seja na frente ou atrás, além de interior acolchoado, que proporciona algum conforto aos usuários. Não é incomodo utilizá-lo mesmo para quem usa óculos de grau tradicionais.
Além disso, como citamos na questão do peso, ele não incomoda quando encaixado na cabeça. Seu peso existe, é claro, mas não chega nem a pesar. Não dá dores de cabeça, como as primeiras tentativas de realidade virtual, nos anos 90, mas causa alguma tontura se o uso for prolongado – por mais de duas horas, por exemplo.
Ainda assim, é um aparelho de realidade virtual bem refinado e de acordo com os padrões que a Sony já pratica em alguns de seus dispositivos disponíveis no mercado. Não há muito o que se reclamar em termos de design, nem mesmo em usabilidade.
Instalação
A instalação do PS VR é extremamente simples. Seu “setup” mostrado em foto pela Sony mais atrapalhou do que ajudou em sua fama. Muitas pessoas reagiram com certo temor. Afinal, para instalar vamos levar muito tempo? Precisa de algum tipo de conhecimento técnico para todo o processo? A resposta para as duas perguntas é “não”.
O PlayStation VR vem com um manual bem claro e de poucas páginas que cobre apenas a instalação. Há ainda um manual mais detalhado, para tirar todas as dúvidas do aparelho. Porém, já pensando em “quem não lê manuais”, a Sony desenvolveu um passo a passo bem simples, impresso em um pequeno caderno enorme, que é a primeira coisa que vemos ao abrir a caixa.
Como citamos, o passo a passo leva apenas alguns poucos minutos. Um fio é encaixado na TV, outro no videogame, e ambos se encontram na unidade de processamento do VR, que é uma pequena caixa, mais ou menos como um “mini PS4”, e que é necessária para o funcionamento do acessório. Depois disso, há apenas mais um fio, que sai diretamente da CPU para o VR, que por sua vez transmite a imagem.
Falando assim pode até parecer complicado, mas acredite, não é. O PS VR tem uma das instalações mais simples de qualquer outro acessório do mesmo tipo, principalmente quando o comparamos com óculos de realidade virtual lançados no PC. É quase como ligar um novo console na sua sala de estar, em termos de simplicidade.
Jogos
Vamos falar do que importa, em se tratando de um novíssimo acessório disponível no mercado. Afinal, quais são os jogos para ele? Vale a pena comprar, mesmo com a biblioteca inicial? Tenha em mente que, como qualquer outro novo aparelho no mercado, o PS VR não tem tantos jogos assim, mas há pelo menos mais de 30 títulos disponíveis, entre alguns inéditos e outros atualizados.
Há também aqueles que são meros “minigames gigantes”, como Batman Arkham VR, que não tem uma campanha extensa e pode ser terminado em pouco mais de uma hora. O jogo em si oferece pouco conteúdo, a não ser pela interação do jogador com um ambiente de realidade virtual na pele do herói. É interessante, e é barato – custa US$ 20, nos EUA –, então talvez valha pela curiosidade.
Já títulos mais caros, como é o caso de EVE Valkyrie, saem por US$ 60 e garantem um pouco mais de diversão. Este citado é um game de naves muito divertido, com multiplayer e também missões para um jogador.
Vale destacar que o modo online mistura-se com a versão PC, jogada com o Oculus Rift, então é possível sempre ter jogadores online e de forma populosa, ao menos nessa fase inicial.
Há outros títulos, dos mais diversos gêneros e estilos, entre minigames, jogos de aventura, ação e quebra-cabeças. O gosto vai variar de acordo com o estilo do jogador. Entre eles são PlayRoom VR, PlayStation VR Worlds, Battlezone, Headmaster, Rez Infinite, Superhypercube, RIGS Mechanized Combat League e Until Dawn: Rush of Blood.
Para o futuro, outros jogos serão lançados e são mais aguardados, como um novo título de Star Trek pelas mãos da Ubisoft, além de Eagle Flight, da mesma empresa. Há ainda o esperado Robinson The Journey, da Crytek. Os gráficos dos games que testamos, por enquanto, nos impressionou. A imersão funciona e faz parecer que você está realmente dentro daquele ambiente.
A PSN oferece games grátis e alguns filmes interativos que também podem ser assistidos pelo VR sem custo extra. Porém, o conteúdo só pode ser encontrado em PlayStation Store de fora do Brasil. Como o PS VR não foi lançado em terras brasileiras, a PSN daqui oferece apenas jogos que podem ser aproveitados sem o VR, onde o modo de realidade virtual é opcional, como Rez Infinite e Rise of the Tomb Raider. Games exclusivos, como o próprio EVE Valkyrie, não são encontrados em formato digital, muito menos em lojas físicas de forma oficial.
Ainda assim, isso é um pequeno detalhe, já que os games estão disponíveis nas lojas online do PS4. Há até mesmo conteúdo exclusivo, digital e gratuito, em PlayStation Store de países como Japão e China, como um aplicativo de Resident Evil com a banda de rock Larc-En-Ciel, que vai exibir um clipe temático em realidade virtual.
Em termos de funcionalidades extras, o PS VR não é tão bom assim. Não é possível assistir vídeos VR no aplicativo do YouTube, Crunchyroll ou Netflix, ao contrário de como funciona com concorrentes até mais básicos, como o GearVR. Há alguns aplicativos de vídeo disponíveis na PlayStation Store, como Within e Vrideo, mas ambos não trazem tanto conteúdo relevante e também não funcionam bem.
Além disso, o PS VR não funciona com outros aparelhos de forma nativa. É possível fazer uma “gambiarra” para ligá-lo no PC e em outros videogames e aproveitar o óculos como se fosse uma tela grudada no seu olho. Mas, para isso, o PS4 ainda precisa estar ligado, próximo e funcionando – logo, não é algo prático e muito menos recomendado.
Tirando os jogos próprios do VR, também podemos jogar outros games do próprio PS4 com o visor na cabeça, mesmo com a TV desligada. O modo “Cinematic” permite isso, e é possível até mesmo ajustar o tamanho da “tela virtual”, para algo enorme, como se fosse um cinema. Uma pena que a resolução não é tão boa nesse sentido, já que textos ficam quase ilegíveis, graças à exibição nativa do PS VR.
O tal painel OLED de 5.7 polegadas, com um resolução de RGB de 1080p, ou 960xRGBx1080 por olho, funciona bem, principalmente por ter mais resolução do que muitas TVs médias no mercado. Mas o efeito para jogos que não são VR deixa a desejar, ainda que não seja o foco.
Preço
E é claro que não adianta ter uma biblioteca até interessante, ainda que pequena, ou funções bacanas, se o preço for alto, certo? Por mais que este seja um dos óculos de realidade virtual mais baratos do mercado – o Oculus Rift sai por US$ 600, enquanto o HTC Vive custa US$ 800 –, o valor de US$ 400 cobrado pela Sony ainda é alto demais, mesmo para os padrões norte-americanos ou de outros países da Europa e Japão, onde ele também foi lançado.
Calculando em reais, o preço vai para cerca de R$ 1500, de acordo com a cotação do Dólar no fechamento desta matéria, e excluindo ainda os eventuais impostos de importação ou frete. Já em lojistas que trouxeram para revender, o aparelho não sai por menos de R$ 3 mil, mais caro do que o próprio PS4, atualmente.
Some isso ao fato do PlayStation VR ainda necessitar de uma PlayStation Camera, a câmera do PS4. O preço dela, sozinha, é de US$ 60, ou mais de R$ 150, em conversão direta. Há também jogos que exigem, ou que funcionam melhor, com o controle PlayStation Move. Botando tudo isso no papel, no final das contas temos um aparelho que vai sair por mais de R$ 2 mil, em sua versão completa, excetuando os impostos.
Como todo novo acessório ou aparelho tecnológico que é lançado no mercado, seu preço inicial é elevado, até mesmo acima da média, quando levamos em conta o que ele tem a oferecer. Porém, é o valor a se pagar pelo usuário que quer ter a novidade desde que é disponibilizada e aproveitar tudo que ela tem a oferecer.
Se não fizer questão de jogar pouco mais de 30 games, enquanto alguns deles são meros “minigames” ou pequenos filmes, não há motivo para adotar o PS VR no momento. Mas, se no seu caso, você já tiver uma PlayStation Camera em casa, PlayStation Move, e quiser conferir a novidade de perto, talvez valha a pena correr atrás.
Tenha apenas ciência de que não são muitos jogos, apesar de alguns serem lançados nas próximas semanas, incluindo Resident Evil 7, em janeiro, e que muitos deles não são tão bons quanto poderiam ser. Além disso, há sempre o risco de não termos mais lançamentos após algum tempo, caso o aparelho não dê certo no mercado.
Conclusão
O PlayStation VR é um aparelho que funciona bem, tem alto nível de imersão e os jogos que são bons são realmente divertidos. Apesar de tudo, é um acessório caro demais e com pequenas falhas, que podem decepcionar os mais exigentes.
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