Que o Brasil tem uma das piores qualidades de Internet do mundo você já deve saber. O que talvez você não saiba é que os serviços de medição internacionais, que comparam a nossa conexão com a de outras nações, não levam em conta características importantes do país.

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Fabrício Tamusiunas no palco do FISL (Foto: Reprodução/Giordano Tronco)

Quem explicou isso foi Fabrício Tamusiunas, um dos gerentes da NIC.br, entidade civil ligada ao Comitê Gestor da Internet e responsável, entre outras coisas, pelo SIMET, serviço de medição da qualidade da internet no território brasileiro. Fabrício compareceu ao 16º Fórum Internacional do Software Livre, o FISL 16, em Porto Alegre, para falar sobre metodologias de medição da qualidade da Internet.

Num território como o do Brasil, a qualidade da Internet varia muito de um lugar para outro, e até dentro de uma mesma região. Algumas metrópoles têm cobertura de rede intensa, enquanto que regiões distantes dos núcleos urbanos podem não possuir qualquer tipo de cobertura de rede. Fazer apenas a média da velocidade de conexão, sem ponderar essas características, leva a resultados que não traduzem a complexidade da nossa realidade.

"O que notamos é que regiões com melhor infraestrutura têm conexão melhor. São as metrópoles e grandes cidades", disse Tamusiuna.

Para comprovar que a qualidade da Internet está associada à infraestrutura urbana, o especialista apresentou o Mapa da Qualidade da Internet no Brasil, que representa graficamente as conexões com Internet no nosso território.

Tamusiunas comparou o mapa com uma foto da iluminação noturna do território brasileiro. Os pontos de luz forte, correspondentes aos aglomerados urbanos, são também os que possuem melhor conexão. Partes menos habitadas, como o Pantanal ou boa parte do território do Norte, quase não tem conexão.

Comparativo entre a visão noturna do território brasileiro e o Mapa de Qualidade da Internet (Foto: Reprodução/Fabrício Tamusiunas)

A maior velocidade média de conexão do país é a da região sudeste (18.41 Mbit/s), mas é também onde há a maior desigualdade na qualidade de conexão. Tamusiunas explicou que "velocidade média" é diferente de "velocidade da maioria".

"Se eu tenho quatro pessoas e todas têm 10 Mbit/s de velocidade de conexão, o desvio padrão é zero. Mas, se uma dessas pessoas têm 10 Mbits e as outras só 1 Mbit/s, o desvio padrão é bem alto", disse o especialista. É o que acontece com a região Norte: tem a segunda velocidade média mais alta do país (14.17 Mbit/s), mas a maior parte das conexões não chegam a 5 Mbit/s. Isso reforça o velho ditado sobre o Brasil: é um país de contrastes.

Confira a lista da velocidade de conexão e desvio padrão das diferentes regiões (dados do 1º tri/2015):

Sudeste - 18.41 (desvio padrão: 23.80)
Norte - 14.17 Mbit/s (desvio padrão: 19.22)
Centro-Oeste - 13.52 Mbit/s (desvio padrão: 16.61)
Nordeste - 12.60 Mbit/s (desvio padrão: 16.56)
Sul - 12.22 Mbit/s (desvio padrão: 16.37)

O especialista aproveitou para apontar qual o município com a pior qualidade de Internet do país: é Calçoene (AP), onde a latência (medida que calcula, por exemplo, o tempo que demora entre você falar nu

... ma ligação online e a pessoa do outro lado receber a sua mensagem) chega a quatro segundos em média. Se você, que vive na Internet e não desgruda do seu smartphone, um dia for para lá, esteja preparado para passar dificuldades!

Software avalia a sua velocidade de conexão

Através do Simet, serviço disponível no site da NIC.br, você pode medir a qualidade da sua conexão. É só entrar em http://simet.nic.br/ e fornecer o seu CEP. Também é possível instalar o firmware no seu roteador para transformá-lo numa caixa de medição de conexão em http://simet.nic.br/simetbox.html. Os dados gerados pelas medições no Simet alimentam o Mapa de Qualidade de Conexão Brasileiro.

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