O TikTok, aplicativo chinês de vídeos curtos popular entre adolescentes e com mais de 2 bilhões de downloads, pode ser banido nos Estados Unidos. Em entrevista à rede de televisão Fox News em julho, o Secretário de Estado Mike Pompeo disse que o governo está "levando muito a sério" a ideia de proibir apps chineses. O presidente Donald Trump levantou a questão mais uma vez na última sexta-feira (31/7), ao declarar que tem autoridade para banir o TikTok dos Estados Unidos.
No final de junho, como forma de retaliação à China e por razões políticas, a Índia baniu cerca de 60 aplicativos chineses do país (incluindo o TikTok), sob a alegação de que estariam "roubando e transmitindo dados de usuários de maneira clandestina e não autorizada". Polêmicas do TikTok com questões de privacidade e segurança de usuários não são recentes, e o app já respondeu na justiça pela suposta violação de privacidade de uma estudante universitária, além de ser multado por coletar dados pessoais de crianças.
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1. TikTok e os EUA
As tensões entre o governo americano e o TikTok são antigas e envolvem principalmente questões de segurança e privacidade. No ano passado, congressistas americanos apontaram o app de vídeos curtos como uma possível ameaça à segurança nacional dos EUA por suspeita de espionagem, uma vez que a ByteDance, empresa dona do TikTok, é sediada em Pequim e responderia às leis de segurança da China.
A maior preocupação do governo dos Estados Unidos é como o TikTok trata os dados de usuários, baseada na especulação de que o aplicativo enviaria informações de usuários norte-americanos para a China. Por este motivo, a utilização do app chegou a ser proibida por agências militares nos EUA, que incentivaram funcionários a desinstalar o TikTok até mesmo de seus telefones pessoais.
2. Banimento na Índia
Segundo reportagem do jornal The New York Times, o banimento de aplicativos chineses na Índia aconteceu devido a conflitos políticos entre os dois países. Em junho, na divisa entre os dois territórios, militares se confrontaram, o que ocasionou a morte de 20 soldados indianos.
Em retaliação à China, a Índia, que representa mercados fortes de tecnologia e telecomunicação, baniu o uso de aplicativos chineses no país sob o pretexto de que eles "colidem com a soberania e integridade da Índia" e que estão "roubando e transmitindo dados de usuários de maneira clandestina e não autorizada para servidores fora da Índia". Vale lembrar que o mercado indiano representa grande parte dos downloads do TikTok, e que mais da metade da população da Índia tem acesso à Internet.
3. Práticas de privacidade do TikTok
No ano passado, uma ação coletiva foi movida contra o TikTok na Califórnia. O estopim para o processo judicial foi o relato da estudante universitária Misty Hong de que o TikTok criou uma conta de usuário para ela na rede social sem seu consentimento e salvou informações biométricas e de digitalização do rosto. A ação movida contra o aplicativo ainda alegava que o TikTok estaria coletando dados de usuários e enviando-os para servidores na China sem conhecimento deles.
Outra polêmica recente envolvendo as políticas de privacidade do TikTok se refere ao acesso repetitivo e sem permissão à área de transferência do iPhone (iOS), fato descoberto com a atualização da versão beta do iOS 14. Com medidas que buscam melhorar questões de privacidade de usuários, a nova edição do sistema operacional da Apple passou a alertar quando aplicativos acessam a área de transferência do smartphone.
Com o nov
Em uma reportagem do Business Insider, especialistas da área de segurança compararam os termos de privacidade do TikTok com os de outras redes sociais. De acordo com Zoé Vilain, chefe de privacidade e estratégia do aplicativo de privacidade Jumbo, as políticas de privacidade do TikTok não são muito diferentes do que as praticadas pelo Facebook ou Instagram.
Segundo ela, a principal diferença entre as plataformas está relacionada à idade do público que as utiliza e, uma vez que o TikTok é famoso entre adolescentes, "eles podem estar menos conscientes e menos preocupados com o que estão compartilhando", afirmou Vilain ao Business Insider.
4. Possível banimento nos EUA
Em entrevista à rede de televisão Fox News, o Secretário de Estado americano Mike Pompeo deu a entender que o presidente Donald Trump e o governo estão "considerando" e "levando muito a sério" a proibição de aplicativos chineses nos Estados Unidos, incluindo o TikTok.
A tese da proibição do app foi também sustentada com a fala do assessor de Trump na Casa Branca, Peter Navarro, que disse em entrevista esperar uma "ação forte" do presidente contra os aplicativos chineses. Trump já confirmou seu interesse em banir o TikTok em conversas com jornalistas americanos.
5. O que o TikTok tem feito
Depois de a China anunciar uma nova lei de segurança nacional em Hong Kong, o TikTok confirmou sua retirada do território, dando indícios de que o app busca mudar sua imagem e mostrar maior distanciamento do país. De acordo com reportagem da BBC, o anúncio da saída é estratégico, já que a empresa tem afirmado insistentemente que não opera sob as leis de segurança da China, e que não responde ao governo de Pequim.
Segundo relatório da Bloomberg na última sexta-feira (31/7), o governo americano obrigaria o TikTok a romper suas conexões com a China, e a Microsoft seria uma das empresas interessadas em comprar o aplicativo. Contudo, nada foi confirmado ainda, e o TikTok declarou ao site The Verge que "Por mais que não comentemos rumores ou especulações, confiamos no sucesso duradouro do TikTok", enfatizando o uso do app para diversão.
Em ocasiões passadas, o TikTok já havia informado que não fornece dados de usuários ao governo chinês, e que não os forneceria mesmo que fossem solicitados. Além disso, o app também afirmou que o armazenamento de dados de usuários norte-americanos é feito nos Estados Unidos, com backups em Cingapura — ou seja, fora do território chinês.
6. Outras polêmicas de privacidade
Outros aplicativos famosos já se envolveram em polêmicas e, inclusive, foram banidos de países por violação de leis de cada Estado. Dentre os apps, estão os famosos Uber, Vimeo, Reddit. Apps de mensagens, como o WhatsApp, Telegram, Skype, Facebook Messenger e Line, também foram suspensos de países na África e no Oriente Médio.
Via The New York Times (1, 2 e 3), CNN (1 e 2), Business Insider, BBC (1 e 2), G1 (1 e 2), The Washington Post, Engadget e The Verge
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