Far Cry: New Dawn é o novo game da franquia de ação da Ubisoft para PS4, Xbox One e PC que será lançado no dia 15 de fevereiro. O jogo é uma continuação direta do capítulo anterior, Far Cry 5, e traz um enredo após os acontecimentos apocalípticos no final do game. Mas será que a estratégia deu certo e o título vale a pena? Confira o review:

Far Cry 5.1?

Desde seu anúncio, Far Cry New Dawn vem dividindo opiniões. Enquanto alguns abraçaram a ideia de continuar a jornada após o final de Far Cry 5, muito acharam que o título nada mais é que uma estratégia da Ubisoft para vender um novo game, mas com diversos elementos de outro que foi lançado menos de um ano atrás.

A verdade é que Far Cry New Dawn bebe sim (e muito) da fonte de seu título anterior. Tanto no enredo, que chega a causar uma espécie de nostalgia com o retorno de figuras marcantes, até elementos visuais e da jogabilidade na qual irei detalhar ao longo do texto. Bom para os fãs, entretanto abre brechas para as críticas daqueles que não concordam com o modelo adotado.

Sobre a história, ela se passa 17 anos após os incidentes do final de Far Cry 5. O vilarejo de Hope County começa a se reerguer depois de tudo o que passou, começando uma nova vida pós-apocalipse. Entretanto, o que sobrou dali agora agora está sendo ameaçado pela gangue Bandidos de Estrada, liderados pelas temíveis gêmeas Mickey e Lou.

Você assume o controle de um dos membros de uma espécie de Força de Resgate, que, ao tentar enviar ajuda à região, acaba sendo uma das vítimas dos Bandidos de Estrada. Sua missão agora é se unir aos outros sobreviventes e tentar acabar com o monopólio dos sádicos liderados pelas Twins.

Vilãs nada temíveis

Em relação a dupla de vilãs, surge a minha primeira crítica ao jogo: a falta de "carisma" das personagens. Vale lembrar que Far Cry, desde o seu terceiro capítulo, sempre carregou a figura de um vilão como grande protagonista da história, ao ponto de sempre destaca-los em seus materiais de divulgação e na capa do jogo. Além desses personagens carregarem um perfil forte com intuito de amedrontar o jogador a cada aparição e interação com ele.

Com Mickey e Lou isso não acontece em nenhum momento. A começar pela falta de explicação de como ambas chegaram ao poder e são tão temidas, uma vez que não possuem um motivo convincente para isso. Não tem o fanatismo religioso de Joseph, a insanidade de Vars ou a tirania e riqueza de Pagan Min. Elas simplesmente são respeitadas por seus seguidores sem um motivo convincente.

Para completar, os próprios diálogos com o jogador e aliados são vazios e são mais hilários do que amedrontadores. Em um determinado momento, ambas surgem na sua base dizendo que vão tomar conta do lugar porque acham a ajuda do protagonista uma grande ofensa (oi?). E as cenas de violência que deveriam impactar e mostrar uma superioridade, acabam sendo sem graça e deixam a sensação de que poderiam ser evitadas por algum personagem sem qualquer problema.

Nostalgia precoce

Mesmo para quem jogou Far Cry 5 no seu lançamento, o título ainda está fresco o suficiente para que muitas lembranças venham à tona. É nesse momento que a ligação entre ambos os jogos agrada e chega a passar uma sensação de nostalgia, mesmo que o título tenha saído recentemente - em março do passado.

A inserção de personagens marcantes na história explica muita coisa e dá uma continuidade ao enredo. Como não se divertir novamente com as trapalhadas de Hurk, se emocionar com o retorno do piloto Nick Rye, ou se impressionar com a volta do temido Joseph Seed. Sim, o vilão de Far Cry 5 retorna e é um dos pontos altos do jogo, mas é melhor não entrar em detalhes para não estragar a surpresa.

Também é divertido explorar a cidade de Hopy County em busca de referências às localidades de Far Cry 5. Por mais que seja um mapa diferente do que foi apresentado no outro jogo, é possível sim encontrar elementos de locais que foram explorados, mas que sofreram mudanças por conta dos acontecimento

... s que justificam a nova narrativa.

Visual reaproveitado

Ainda fazendo uma relação entre os dois jogos, Far Cry New Dawn traz gráficos praticamente idênticos ao que foi apresentado no capítulo anterior. Mas não encare isso como uma notícia ruim, pelo contrário, Far Cry 5, tem como um dos pontos altos o visual de seus cenários e personagens, sendo um dos jogos mais bonitos da atual geração.

Mas o novo título tem sim suas particularidade. A primeira grande diferença que pude notar é o quanto New Dawn traz uma ambientação mais colorida. Não apenas na vegetação com centenas de tipos de flores e plantas diferentes, mas também nos abrigos e localidades reerguidos após o "apocalipse". Se por um lado deixa o jogo mais bonito, curiosamente achei que essa inserção de cores tirou um pouco da proposta do jogo pós-apocalíptica.

A sensação é de que estamos circulando em uma cidade na qual está sendo feito um trabalho de paisagismo, e não em um mundo que foi devastado recentemente.
— Diego Borges

Também achei o jogo mais detalhados em alguns elementos. Com a proposta de trazer algumas bugigangas de um período pós devastação, ao longo do enredo você vai encontrar armas e veículos feitos na pura gambiarra. Além de terem uma funcionalidade bem interessante (que vou detalhar mais a frente junto à jogabilidade) as composições foram feitas nos mínimos detalhes. Por exemplo, uma das armas mais poderosas e marcantes, o Lançador de Serras, traz todo o funcionamento bem explícito, desde o elásticos para prender o mecanismo, até o desenho de smiles em cada uma das serras.

E por fim, é legal ver o detalhamentos de antigos personagens. Como o jogo traz um enredo 17 anos após os acontecimentos finais de Far Cry 5, é interessante ver o quanto como aparência de certos coadjuvantes mudou bastante com o passar do tempo. Além do capricho também com os novos personagens, mesmo possuindo um leque maior de inimigos variados do que no título anterior.

Conceito de Base é a grande diferença na jogabilidade

Continuando o paralelo com Far Cry 5, New Dawn traz praticamente a mesma jogabilidade do título anterior. A grande diferença fica pelo conceito de Base inserido no game. Nele, você precisa se preocupar em evoluir suas dependência em troca de benefícios. Por exemplo, evoluindo o sistema de armas do local, é possível criar modelos mais devastadores usando peças adquiridas, o mesmo vale para carros, aeronaves, barcos etc.

E para isso, será preciso completar missões em busca de Etanol. Sim, o combustível funciona como uma espécie de XP para que você consiga evoluir a sua Base e estruturas. Já para melhorar armas e construir novos itens, será preciso recolher todo tipo de sucata pelo caminho, como molas, chumbo entre outros elementos. Mas engana-se quem acha que essa é uma tarefa árdua, muito pelo contrário, chegou a me incomodar bastante a facilidade de conseguir esses itens, pois eles estão em abundância na devastada Hope County, fazendo com que o sistema de monetização - Créditos Far Cry - não tenha grandes utilidades.

E esse conceito de Base também acaba sendo expandido para muitas das atividades ao longo do jogo. Percebi que muitas missões consistem em defender uma determinada área, como um game no estilo Tower Defense. A própria tomada de controle de certos pontos agora exige que você obtenha três estrelas, uma para cada nível de dificuldade, para assim então ter o controle total do local.

O sistema de habilidade também é praticamente o mesmo, inclusive com quase todas as mesmas opções de evolução. Sendo assim, é preciso completar Desafios como eliminar um determinado número de inimigos com um certo tipo de armamento, resgatar reféns pelas estradas, entre outras atividades. O sistema de aliados controlados pela CPU também é quase o mesmo, com a diferença de que para ressuscitar um companheiro, é preciso ter determinados itens, e não apenas esperar um certo tempo.

A grande novidade da jogabilidade acabou ficando para a adição de novos armamentos. Como falei anteriormente, o Lançador de Serra é o grande destaque de New Dawn. Ele faz com que um simples disco seja mais fatal até mesmo que um lançador de foguetes. Isso porque cada serra tem uma habilidade que fazem com que ela atinja mais de um oponente num só arremesso. O mesmo vale para outras armas e bugigangas que são criadas na bancada de armamento da sua base.

Já os veículos, só mudam mesmo no quesito aparência. Eles continuam sendo necessários para o deslocamento ente grandes distâncias do cenário, mas ainda possuem uma jogabilidade pouco eficaz, que me fez questionar por diversas vezes se a diferença é realmente grande entre percorrer 2 mil metros a pé ou sobre uma carroça com motor.

Online? Apenas cooperativo!

Por incrível que pareça, Far Cry New Dawn não traz um modo multiplayer online com batalhas todos contra todos, Team Deathmatch ou um modo Battle Royale. O game se limita a apresentar apenar um cooperativo onde você pode contar com a ajuda de um amigo para completar as missões da campanha principal.

Não chega a ser algo totalmente inédito, uma vez que isso já existia em Far Cry 5. Porém, a forma com que é inserido no jogo, faz com que a participação de um aliado controlado por um amigo, seja mais efetiva. Isso deve-se também ao fato de que agora há quase sempre mais e mais aliados (controlados pela CPU) que se unem para as batalhas, na medida com que sua Base cresce e seus recursos aumentam. Portanto, mesmo sem uma ajuda online, você nunca ficará sozinho.

Trilha sonora que embala e dublagem em alto nível

Outro ponto que merece destaque em Far Cry New Dawn é em relação a sua parte sonora. A começar pela trilha sonora, que ajuda bastante a criar o clima que a situação impões. Além é claro de trazer algumas surpresinhas em determinados momentos - quem lembra da missão de Far Cry 5 ao som de Get Free sabe do que estou falando!

Por fim, a dublagem nacional também mantém o alto padrão de qualidade que já existia no título anterior. Tanto protagonistas quanto coadjuvantes contam com um sistema de vozes que combinam bastante com o perfil de seus personagens. Além é claro do retorno das vozes de figuras conhecidas como Hurk e Joseph Seed.



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