Call Of Cthulhu é um game de suspense e horror para PC, Xbox One e PS4. O título se inspira no famoso conto, de mesmo nome, de H.P. Lovecraft e traz uma história sombria, repleta de ocultismo e referências a outras obras do famoso escritor. Confira o review completo:
Lovecraft vive!
Para quem não sabe, H.P. Lovecraft é um dos maiores escritores de horror de todos os tempos. Suas obras, além de terem inspirado escritores famosos, como Stephen King, também serviram de base para centenas de outros livros, filmes, seriados e até mesmo alguns games. Entretanto, é interessante que, até a presente data, nenhum jogo conseguiu captar a profundidade das obras do escritor.
Para ser mais explicito, os contos de Lovecraft são caracterizados por referenciarem sempre o ocultismo ao retratar mundo paralelos e seres que, de tão poderosos, são considerados por muitos como deuses. Como o caso de Cthulhu, uma criatura gigantesca que possui asas e uma face similar a um polvo com tentáculos na parte inferior.
Em Call of Cthulhu, o enredo se baseia não apenas no conto de mesmo nome, mas também traz uma série de referências a outras histórias do escritor. Por exemplo, em determinado momento do jogo, é possível encontrar o famoso Livro dos Mortos, o Necronomicon - que ficou famoso na franquia do cinema The Evil Dead. Esse conjunto de Easter Eggs acabam sendo um dos poucos atrativos de um game que sofre com uma série de problemas dos quais falarei mais adiante.
"Ora, ora... temos um Xeroque Rolmes!"
O game coloca você na pele do detetive particular Edward Pierce, que é procurado por Stephen Webster, um rico empresário, para solucionar a morte de sua filha Sarah Hawkins, uma pintora cujos quadros são mais sombrios do que se possa imaginar. Para isso, Pierce viaja até a misteriosa ilha de Darkwater, onde eventos sobrenaturais começam a acompanhar o detetive em sua jornada em busca de respostas.
Por mais que o enredo pareça muito óbvio, achei interessante a forma com que tudo se desenrola no game. Por mais que boa parte dos acontecimentos sejam bem previsíveis - algo como você estar sozinho em uma sala escura sabendo que "vai dar ruim" - ainda sim há espaço para algumas reviravoltas que me surpreenderam.
Porém, o que mais me encantou e fez encarar algumas dezenas de horas no jogo, foi exatamente a quantidade de referências introduzidas em Call of Cthulhu. Além do Necronomicon, citado mais acima, pude notar pedaços de outros contos do escritor, como Dagon e O Que a Lua Traz Consigo, fazendo com que cada página ou pista encontrada no jogo ficassem ainda mais interessante.
Também achei muito interessante o envolvimento do protagonista com os acontecimentos da trama. Pierce não é apenas um detetive assustado com os eventos sobrenaturais que ocorrem diante de seus olhos e dentro da sua mente, mas também uma pessoa que se questiona a todo momento o que é real e o que não é. E as suas atitudes também mudam muito ao longo do jogo, transformando um detetive linha dura em um homem
Um quase point and click com RPG
Não há uma forma de descrever a mecânica de Call of Cthulhu que não seja comparando-a com a de um point and click. Para quem não sabe, o gênero ficou famoso nos jogos de PCs dos anos 90 onde não existiam comandos complexos, apenas apontar e clicar nos seus objetivos.
Em Call of Cthulhu você vai um pouco além, já que pode movimentar seu personagem, pode contar com uma opção para andar mais rápido, e também pode utilizar um lampião ou um isqueiro para áreas mais escuras. Para não dizer que o jogo só se baseia nessa mecânica, também é possível interagir com outros personagens cuja conversa encaminhará o jogador a um sistema de escolha de decisões que afetará seu destino.
Nos meus testes, Pierce sempre procurou ser um detetive justo e que procurava se manter longe de encrencas, isso fez com que aliados me acompanhassem em determinados momentos e que outros coadjuvantes me ajudassem em certas situações. Entretanto, me arrisco a dizer que mesmo tomando decisões bem diferentes das que segui, os rumos do jogo não seriam tão diferentes.
Para completar, há um interessante sistema de habilidades. Ele faz com que você evolua determinados atributos que ajudarão seu personagem ao longo do jogo. Por exemplo, eu procurei evoluir o atributo de investigação de Edward, o que me ajudou muito a encontrar pistas espalhadas ao longo do cenário e na reconstituição das cenas. Curiosamente, Medicina e Ocultismo você só consegue evoluir procurando itens ou documentos associados ao atributo, portanto não tenha vergonha em ser fuxiqueiro e saia vasculhando tudo.
Os (muitos) problemas visuais do jogo
Se você acha que Call of Cthulhu é um jogo que veio para se destacar no gênero, saiba que o próprio título se sabota em diversos aspectos técnicos, como a sua parte visual. Os meus testes foram realizados em um PS4 Pro, entretanto, a impressão era a que eu estava jogando algo no PS3.
Sim, o visual do título tem a aparência de algo feito para a geração passada. A começar pelo cenários, que não possuem qualquer capricho e chegam a incomodar pela falta de detalhes. É tudo muito superficial e, em alguns momentos, chegaram a me desnortear por serem tão similares.
A coisa só piora com os personagens do jogo. O protagonista ainda traz um nível de detalhamento considerável nas cenas de animação, mas todos os outros coadjuvantes chegam a incomodar de tamanha falta de cuidado e capricho com seus contornos. As criaturas então... assustam mais pela falta de qualidade do que por serem seres de outro mundo ou coisa do tipo.
E antes que alguém ache que é um problema pontual de conversão do jogo para consoles, no PC o problema persiste. A grande diferença é que a velocidade do jogo é maior, rodando a lisos 60 quadros por segundo em um PC Gamer munido de uma GeForce 1080Ti. Mas, infelizmente, o visual grotesco permanece praticamente o mesmo.
Jogabilidade também sofre com problemas técnicos
Se os problemas ficassem apenas no quesito visual, Call of Cthulhu poderiam encontrar uma luz no fim do túnel. Mas a maldição da criatura mística persiste também no que diz respeito a jogabilidade do game, repleta de bugs, movimentação travada e problemas na hora de executar simples ações.
Vou exemplificar com dois eventos que aconteceram durante os meus testes: o primeiro foi quando fiquei preso entre uma rocha logo no início do jogo e sem qualquer forma de sair de lá, já que não há um botão de pulo ou algo do tipo. E o outro momento foi na hora de tentar alcançar uma simples pista e o personagem nunca atingia a localização exata, que parecia ser algo milimétrico. Levei minutos para finalmente ajustá-lo e conseguir alcançar meu objetivo.
Encontrar problemas em um jogo antes mesmo de seu lançamento é mais normal do que andar para frente. Praticamente todos os títulos recebem um upgrade de "day one" para justamente corrigir falhas antes de chegar nas mãos do grande público. Porém, mesmo depois de dois updates, o jogo continuou apresentando problemas e bugs com uma certa frequência.
Conclusão
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