Shadow of the Tomb Raider, da Square Enix, entrega aos fãs da arqueóloga e aventureira Lara Croft uma conclusão digna dos games de sua origem, iniciada em 2013 com “Tomb Raider” e seguido por “Rise of the Tomb Raider” (2015), que revolucionaram a forma de jogar a franquia até então. Em Shadow, nos deparamos com uma Lara mais madura e que precisa enfrentar as consequências dos seus atos para evitar um apocalipse. Apesar do gameplay não trazer tantas novidades em relação aos dois jogos anteriores, a fórmula ainda funciona para o tipo de narrativa presente do título.
O game chega, com opções de áudio e legendas em português do Brasil, no dia 14 de setembro simultaneamente para PS4, Xbox One e PC. O jogo terá três edições: a padrão, a Croft Edition e a edição de colecionador - com uma estátua da protagonista e o passe de temporada. Confira, a seguir, a análise do TechTudo.
Lara Croft precisa impedir um apocalipse que ameaça a humanidade (Foto: Reprodução / Viviane Werneck)
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“Nem tudo é sobre você, Lara!”
Croft é confrontada com esta dura realidade, bem no início do jogo, quando perde o controle de si própria ao, acidentalmente, fazer o mal tentando fazer o bem. Numa tentativa de pôr um fim definitivo à organização criminosa Trindade, responsável pela morte do seu pai e com a ambição de buscar a imortalidade a qualquer preço, a heroína dá início a um apocalipse que pode destruir toda a humanidade.
Lara e seu amigo Jonah, que ela conheceu durante sua primeira expedição, estão na ilha de Cozumel (México) seguindo os últimos passos da Trindade, mais especificamente, do seu líder Dr. Dominguéz. A ideia inicial parecia simples: impedir que a organização colocasse as mãos em um artefato que teria o poder de remodelar o mundo. No entanto, ao se deparar com o que parecia ser o final da busca, Lara remove a adaga ancestral do seu local de descanso, com a intenção de protegê-la da Trindade, e tudo começa a desmoronar a sua volta.
Lara desolada ao ver a destruição da ilha de Cozumel (Foto: Reprodução / Viviane Werneck)
Antes de ser arrancada da caverna em ruínas por Jonah, Croft percebe o que acabara de fazer: com a retirada do artefato, ela - e não a Trindade - havia dado início a uma sequência de desastres naturais que resultariam no fim do mundo, caso nada fosse feito a tempo. O primeiro desses desastres, um tsunami, chega logo em seguida e varre a ilha de Cozumel. Lara, então, precisa sobreviver à enxurrada e tentar se recompor daquele cenário de morte e destruição. Tudo por conta do seu ato precipitado, mesmo com a melhor das intenções.
Após sobreviver ao tsunami, Lara se desespera ao reencontrar Jonah e diz que só ela seria capaz de deter o Dr. Dominguéz, que tirou de suas mãos a adaga quando fugia da caverna, e evitar que o vilão remodele o mundo. “Nem tudo é sobre você, Lara!”, diz Jonah chamando Croft de volta à razão e explicando que eles iriam juntos atrás da Trindade, mas que primeiro era preciso se preocupar com o presente e ajudar os sobreviventes.
Jonah, o companheiro de aventuras (Foto: Reprodução / Viviane Werneck)
Após esse episódio traumático, a heroína precisa se recompor emocionalmente para rastrear Dominguéz. A próxima parada: floresta amazônica, mais precisamente no Peru.
Dica de ouro: a cidade perdida de Paititi é rica em detalhes e segredos. Uma alusão clara à civilização Inca. Ao chegar por lá, você notará várias atividades para interagir. Fale com as pessoas para habilitar missões, comprar e vender itens, e descobrir caminhos para tesouros.
Lara, a predadora
Esqueça a jovenzinha assustada do jogo de 2013, Croft está mais experiente e brutal do que nunca. Ela planeja melhor os ataques para neutralizar seus adversários, dando o mínimo de chance de reação. A exploradora também pode agora fazer melhor uso do ambiente para se camuflar dos inimigos, seja se esgueirando pela vegetação ou embaixo d’água, seja se cobrindo de lama e “desaparecendo” pelas paredes à espera de algum desavisado. Vale ressaltar que nem todos os adversários serão humanos e, como o game se passa numa flores
...
ta, prepare-se para enfrentar onças-pintadas, piranhas, enguias, e etc.
A vida selvagem pode ser um perigo maior do que homens armados para Lara (Foto: Reprodução / Viviane Werneck)
O estilo de gameplay de Shadow of the Tomb Raider segue o padrão dos dois jogos anteriores, salvo algumas modificações, o que vai facilitar a vida de quem é veterano na série. Os controles prometem não ser um problema para novatos, especialmente se já tiver jogado algum Far Cry. O sempre útil recurso de “instinto de sobrevivência”, onde ao apertar um botão pontos de interesse são destacados no cenário, está de volta. Se estiver jogando em níveis mais difíceis em que a disponibilidade dos recursos é mais escassa, por exemplo, fazer uso dessa função é crucial.
Para avançar bem na campanha, você terá que se tornar um mestre na caça e coleta. O modo sobrevivência continua sendo a roda que move o jogo. Não há tantas armas e acessórios à sua disposição, e mesmo estes serão destravados conforme você avança na história. Sobre as armas, estarão disponíveis - no geral - arco e flecha, pistola, shotgun, rifle de assalto, faca e machado de escalada. Os trajes podem variar um pouco mais e alguns ainda conferem habilidades especiais, como resistência a ataques à distância, por exemplo.
É possível ficar quase invisível no cenário usando lama e a própria vegetação (Foto: Reprodução / Viviane Werneck)
É preciso usar itens encontrados no ambiente (ou caçando) para fazer upgrades no seu equipamento ou para criar trajes com habilidades especiais. Essas melhorias são feitas apenas ao descansar em acampamentos espalhados pelo mapa.
Assim como nos outros jogos, Lara precisa buscar escrituras antigas e estátuas ancestrais para aprender dialetos de povos antigos e, assim, descobrir tesouros e outras pistas.
Explorar o mundo (que apesar de não ser aberto, mas é bem vasto), fazer missões principais e secundárias, se aventurar em cavernas (vamos falar melhor sobre isso a frente) e concluir desafios te ajudarão a acumular pontos de experiência para desbloquear habilidades para Lara. Por falar nisso, a árvore de skills foi remodelada visualmente e permite que pontos sejam distribuídos em três estilos diferentes: “Seeker” (que melhora sua percepção como explorador), “Warrior” (que melhora suas habilidades de combate) e “Scavenger” (que melhora suas habilidades furtivas).
Distribua seus pontos de experiência com sabedoria (Foto: Reprodução / Viviane Werneck)
Normalmente, o conselho seria não investir pontos espalhados em todas as categorias, mas como Lara precisa ser versátil e se adaptar a várias situações, minha recomendação é - primeiramente - comprar habilidades de proteção (como resistência a danos e quedas), ataques furtivos e, principalmente, mais fôlego e velocidade para nadar. Acredite, você passará por maus bocados embaixo d’água caso não consiga nadar rápido o suficiente ou prender a respiração por um período maior. Lara ficará mais tempo explorando, caçando e resolvendo puzzles do que, propriamente, em combate (o tiroteio mais pesado é deixado para o final). Pense nisso na hora de investir seus pontos.
Fique de olho: Shadow traz uma surpresa jogável especial sobre a infância de Lara. Pouparei as palavras aqui para não estragar a experiência, mas basta progredir na missão principal para chegar até essa parte.
Criptas e cavernas mortais
Ao explorar o mapa, por vezes você receberá uma mensagem na tela de que uma cripta ou uma caverna de desafio está nas proximidades. Há a opção de seguir imediatamente essa pista e encontrar a entrada, ou esperar o melhor momento (após completar uma missão em andamento ou conseguir aprimorar mais seu equipamento). Seja qual for sua decisão, quando for encarar uma caverna de desafio vá preparado com tudo que tiver.
As tumbas de desafio têm armadilhas por todos os cantos (Foto: Reprodução / Viviane Werneck)
Cada uma dessas cavernas, ou tumbas, exigirá uma habilidade diferente do jogador. Algumas serão quase que totalmente embaixo d’água, portanto é bom você ter aprimorado seu fôlego e velocidade de nado, outras terão fortes rajadas de vento e precisarão de mais equilíbrio, e outras poderão exigir reflexos rápidos de combate. Todas essas situações acontecerão, aleatoriamente, em meio a puzzles mais complicados que os normais, várias armadilhas mortais e muito, mas muito exercício de resistência à claustrofobia.
O grande prêmio ao completar essas cavernas, além dos itens encontrados pelo caminho, é desbloquear habilidades secretas para Lara. Portanto, algumas skills não poderão ser compradas com pontos de experiência, mas sim desbloqueadas automaticamente (sem custos de XP) ao completar esses desafios. Geralmente, é possível adivinhar qual tipo de habilidade será desbloqueada pelo estilo da caverna. Uma tumba em que o obstáculo principal é se esquivar de pilares em chamas pode desbloquear uma habilidade de resistência a fogo e explosões, por exemplo.
Prepare-se bem antes de encarar as cavernas e criptas (Foto: Reprodução / Viviane Werneck)
Para passar o tempo: se estiver entediado, algo divertido a fazer é tentar matar Lara de várias maneiras diferentes e, assim, descobrir as animações viscerais por trás de cada uma das mortes. É macabro, eu sei.
Adaptação quase perfeita da floresta amazônica
Antes que perguntem se já estive na floresta amazônica para criticar, levantei o tópico apenas para mencionar que, apesar do detalhado cuidado com o visual do game, algumas texturas e acabamentos ficaram um pouco estranhos, especialmente de terrenos e folhagens (se olhados mais de perto), porém, nada que comprometa o trabalho gráfico geral do jogo. A critério de curiosidade, testamos para este review a versão para PS4 (sem ser o Pro) do game e em uma TV 4K HDR. Acredito que no Pro, Xbox One X e PC o visual esteja melhor. Vale esperar que a Square Enix libere algum patch de aprimoramento gráfico para os consoles normais também.
O modo fotografia pode proporcionar momentos hilários como esse: rindo na cara da morte! (Foto: Reprodução / Viviane Werneck)
Seguindo a tendência de alguns jogos atuais com belos cenários, um modo fotografia pode ser acessado no menu de pausa. Nele é possível rotacionar a câmera, adicionar filtros, molduras e mudar as expressões faciais da Lara. O resultado pode ser hilário, dependendo da situação.
Além da parte visual, vale destacar o cuidado com a atmosfera sonora do jogo. Se for possível, jogue o título com caixas de som ou fone de ouvido de qualidade para ter a melhor experiência e se sentir dentro da própria floresta. Você consegue escutar com clareza o som das águas, pássaros, animais terrestres (se escutar um rugido, corra!) e o balançar dos galhos. Bem interessante.
Cenário e ambientação sonora são bem ricos (Foto: Reprodução / Viviane Werneck)
Descansem em paz: várias simpáticas e inocentes capivaras foram mortas (virtualmente, é claro) para compor o cenário. Que triste.
Conclusão
Shadow of the Tomb Raider não decepciona ao entregar uma experiência de exploração digna de qualquer título da franquia, mesmo apostando novamente no estilo de gameplay dos dois primeiros jogos da origem da aventureira. As cavernas de desafio, uma das novidades, são uma bela adição ao game e terminá-las realmente recompensa os jogadores.
Nota-se também a atenção para os detalhes ao se criar, digitalmente, uma floresta da magnitude da Amazônia e, mesmo com alguns pequenos problemas de textura, o trabalho foi bem feito. A ambientação sonora dá um dos toques principais de imersão na narrativa que explora, de forma inédita, o lado mais sombrio da consciência da heroína e o fardo pesado que ela carrega por suas decisões.
Das trevas surge uma heroína (Foto: Reprodução / Viviane Werneck)
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