Sea of Thieves é um jogo online de aventura disponível para Xbox One e PC (Windows 10). Assinado pela Rare, a mesma desenvolvedora de grandes clássicos, como Banjo-Kazooie, Battletoads e Donkey Kong Country, o título com temática pirata traz boas ideias e um conceito singular de exploração em co-op, mas se perde em sua própria ambição. Confira as impressões do TechTudo:
Veja os requisitos para jogar Sea of Thieves no PC
O carimbo de carisma da Rare
Com o selo Rare de qualidade, Sea of Thieves é a nova aposta do estúdio britânico - atualmente subsidiário da Microsoft -, que tem como principal característica entregar mundos cheios de carisma. Não há como negar que o universo pirata é convidativo. Você acorda em uma pequena ilha no meio do nada e, a partir daí, se depara com personagens caricatos e um cenário cartunesco paradisíaco.
Antes de tudo, é importante ressaltar que não há uma narrativa a ser seguida. Na verdade, o título estimula o jogador a criar suas próprias aventuras a partir de jornadas típicas de pirata, como caçar tesouros, eliminar embarcações amaldiçoadas e prestar serviços em troca de algumas moedas de ouro.
Ao iniciar o game, você tem a opção de escolher um personagem gerado randomicamente. Em seguida, pode definir se deseja começar sozinho, em uma embarcação compacta, mais ágil e frágil, ou em modo cooperativo, junto com amigos e outros usuários online em um galeão bem equipado de grande porte.
Desde o início, a estrutura foi projetada pensando na interatividade entre jogadores. Isso significa que içar velas, levantar âncora, consertar buracos no navio e conduzir o timão sozinho é, de certa forma, frustrante. No entanto, compartilhar essas funções com outros piratas é bem divertido, afinal, suas contribuições à equipe sempre serão relevantes.
Mar morto
A dinâmica de Sea of Thieves é baseada em um loop de fácil compreensão, porém bastante repetitivo: aceite jornadas em uma das três facções de mercadores, siga com o barco, elimine caveiras, colete itens ou baús de tesouro e retorne ao mestre da facção para coletar o prêmio em moedas de ouro.
O grande problema é que não há um incentivo maior para cumprir o mesmo tipo de objetivo inúmeras vezes. Em Destiny, The Division e o mais recente Monster Hunter: World, por exemplo, há um incentivo para refazer a mesma atividade, seja para obter uma arma poderosa ou um conjunto de equipamento de nível superior.
Com as moedas acumuladas em Sea of Thieves, o máximo que se pode obter são itens cosméticos que não mudam os atributos e estatísticas do pirata. Além da pouca variedade de roupas, armas e acessórios para o navio, esses objetos são modificações meramente visuais - e que custam bem caro, aliás -, que não vão fortalecer o personagem, apenas deixá-lo mais estiloso.
Outro ponto que também torna a repetição de Sea of Thieves entediante é o seu senso limitado de descoberta. A premissa do jogo sempre envolveu exploração en
Naturalmente a Rare já confirmou que pretende trazer muito mais conteúdo nos próximos meses por meio de atualizações gratuitas. Portanto, há grandes chances de ver o raso oceano de Sea of Thieves ser robustecido com mais atividades, jornadas e, é claro, itens que não sejam somente mudanças estéticas.
Navegação eficiente, mas...
Há dois tipos de combate: no mar, quando o personagem está a bordo do navio, com o auxílio de canhões e outras armas de fogo, e em terra, em que o pirata pode utilizar uma espada ou arma com munição limitada.
O sistema de batalha naval, assim como a dinâmica de navegação, é eficiente e bem executado. A emoção proporcionada no calor do confronto, ao encarar navios rivais, é um dos grandes méritos do game. Arrisco dizer que os encontros no mar com outros jogadores acabam sendo os melhores momentos da aventura.
Por outro lado, o combate em primeira pessoa em terra, com espada e arma de fogo, é raso e previsível. Não há variedade de movimentos e golpes corpo a corpo e a mira ao conduzir a pistola é engessada e lenta. Além disso, os inimigos são sempre os mesmos e, para piorar, utilizam a mesma abordagem o tempo todo.
A pureza do mar
Há quem pense que o visual cartunizado de Sea of Thieves tira a imersão da aventura. Na verdade, é justamente o contrário. O charme é o estilo de arte peculiar, caricato, que expõe a Rare em sua melhor forma desde os tempos áureos de Nintendo.
O nível de detalhe das ondas, por exemplo, é digno de aplauso e imprime um cuidado que não se vê em outros títulos. Explorar os mares em águas cristalinas enquanto as belíssimas ondas ditam o ritmo da viagem é uma experiência incrível. O jogo se apega tanto aos pequenos detalhes que, às vezes, é quase possível sentir a brisa do mar, com o cheiro de água salgada.
Embora sejam pequenas em extensão, as ilhas trazem vegetações densas e praias com vistas exuberantes a serem apreciadas. Há, também, quem torça o nariz para os personagens com estética burlesca, mas saiba que ele estão bem representados e conduzem a jornada pirata com o ar cômico típico da Rare.
Conclusão
Sea of Thieves é, acima de tudo, um jogo diferente de tudo que já foi visto. Com um toque de arte único, ele consegue envolver pelo sistema de navegação e imersão ao explorar os sete mares, principalmente no modo cooperativo. Contudo, na condição atual, não há um incentivo para continuar jogando depois de algumas horas e há, sim, muitas limitações em exploração e combate. Sea of Thieves é, ao menos em seu lançamento, um mar raso, a base de um jogo promissor que, ao receber atualizações de conteúdo e ajustes de gameplay, pode se aproximar de sua ambiciosa proposta de ser o simulador de piratas definitivo.
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