Uma técnica de gravação criada no século 19 está sendo repensada para oferecer mais imersão na realidade virtual. Considerado um áudio 3D, o som binaural tem capacidade para iludir o usuário, fazendo-o acreditar que está de fato presente nos ambientes reproduzidos em aparelhos como Oculus Rift, HTC Vive, Gear VR e PlayStation VR.
Headphone cria áudio em 3D e oferece experiência mais imersiva
Para atingir um nível mais alto de qualidade e ilusão, a técnica busca gravar e reproduzir sons de uma forma que o cérebro é levado a acreditar que o ouvinte está em um mundo virtual. Assim, o som binaural representa para o áudio o mesmo que a realidade virtual promete para as imagens: a sensação 3D de estar em um ambiente complexo e real.
Em jogos desenvolvidos para a tecnologia de realidade virtual, o uso de gravações binaurais permitem que designers criem elementos especiais. Um ruído executado no ângulo certo, por exemplo, pode ser uma dica mais sútil e eficiente para chamar mais atenção do jogador para um ponto específico do que uma instrução apresentada na tela.
Em filmes e vídeos, o uso de som binaural permite que a sensação de presença estimulada pelo óculos de realidade virtual seja ainda mais completa, uma vez que combina o estímulo visual com o auditivo, fazendo com que o usuário experimente um nível de imersão maior na cena.
O que é binaural?
Diferente dos métodos de gravação mais conhecidos, o mono (composto por um microfone), e o estéreo (com dois microfones separados para permitir divisão em alto-falantes), o som binaural nasce de um processo mais complexo, que reflete na qualidade do som.
Esse tipo de gravação é realizado com microfones colocados em uma cabeça de boneco, nos lugares onde estariam os ouvidos. O manequim é feito com materiais que simulam com grande nível de exatidão a consistência e estrutura do crânio humano de modo que o som capturado acaba recriando o campo sonoro original do ambiente em que foi produzido.
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O resultado do método são gravações que criam uma sensação de presença, impossível nos processos mono e estéreo. O som binaural permite ao ouvinte experimentar um tipo de áudio que leva em conta especificidades da forma pela qual todos escutam: as posições nas quais os ouvidos estão dispostos, o espaço entre eles e as maneiras pelas quais o cérebro conjuga os sons.
Como funciona?
Na prática, a grande diferença do som binaural em relação aos outros tipos está no processo de gravação. Mesmo assim, há um ponto que faz desse tipo de áudio mais restrito do que os outros: a quase que obrigatoriedade do uso de headphones.
O som binaural precisa de fones de ouvido para criar com perfeição a sensação de audição presencial. A restrição está relacionada com a necessidade de dividir o som de forma perfeita entre os ouvidos, algo que ainda não é possível com caixas de som e alto-falantes externos.
O interessante do modelo de áudio é que, a rigor, qualquer fone de ouvido pode reproduzir esse formato; você só precisa encontrar exemplos de materiais gravados na forma correta. Em sites como o YouTube, basta buscar por "som binaural" para conferir exemplos de músicas, playlists e até mesmo filmes e apresentações.
O exemplo abaixo apresenta um diálogo com diversos ruídos, movimentos e até música. Com um headphone, você pode identificar facilmente a origem do som e, se fechar os olhos, ter a sensação de estar presente na cena.
Por que só agora?
A técnica de gravação binaural surgiu no fim do século 19, mas nunca foi realmente aceita. Entre as principais razões está o fato de que, ao contrário do mono e estéreo, o processo é mais complexo, exige uma estrutura de melhor qualidade na gravação e depende de headphones para ser apreciado.
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Hoje comuns, fones de ouvido desse tipo eram bastante raros e inacessíveis na época. Por conta disso, o rádio e a vitrola, primeiras tecnologias de reprodução de som a ganharem espaço, acabaram preferindo o som mono.
Algumas tentativas com o tipo binaural, especialmente com transmissões de rádio, foram realizadas, mas dependiam de, entre outras coisas, o ouvinte possuir dois rádios e dois fones: um conjunto para cada orelha em uma época em que a posse de um único aparelho era um artigo de luxo.
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