A chegada do homem à Lua, com o sucesso da missão Apollo 11, completa 50 anos neste sábado (20). O aniversário da primeira aterrissagem tripulada ao satélite natural ocorre em um momento de crescente interesse em torno do assunto. Existem diversos projetos para repetir a façanha dos anos 1960, como é o caso do programa Artemis, da própria Nasa, que pode sair do papel em 2024.
Outros países também têm planos de levar astronautas à Lua, além de corporações, interessadas em viabilizar a exploração comercial e turística do satélite no futuro. Confira a seguir alguns dos possíveis próximos passos na exploração espacial.
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Agora é a vez de Artemis
A Nasa, agência espacial dos Estados Unidos, foi instruída pelo governo do país a desenvolver um novo programa de exploração lunar. Batizado de Artemis, a irmã gêmea de Apolo na mitologia grega, a iniciativa é ambiciosa e fala na primeira missão tripulada pousando em solo lunar já em 2024. A ideia é que a ocasião marque a chegada da primeira mulher ao satélite natural da Terra.
Há algumas doses de ceticismo em torno do programa, que é bastante ousado em termos de cronograma. Além disso, diversos recursos projetados, como o foguete SLS e a capsula Órion, sofreram inúmeros atrasos ao longo dos anos e já representam orçamentos estourados, chegando à casa dos bilhões de dólares.
Ir de novo, mas para ficar
O conceito mais interessante a respeito do programa Artemis é a ideia de construir uma presença permanente do homem em solo lunar (ou ao menos em órbita lunar). O programa, que consiste em 37 missões de lançamento de diversos portes e objetivos, contempla, por exemplo, a construção do Gateway. O projeto é uma espécie de mini estação espacial em permanente órbita lunar, com capacidade de receber astronautas por meses a fio e recursos para lançamento de veículos lunares que levariam esses astronautas em missões de exploração no solo.
China e Rússia
O programa da Nasa não é a única iniciativa governamental que tem como objetivo a exploração lunar. A agência espacial Roscosmos tem planos para missões tripuladas na década de 2030, com o objetivo da construção de uma base permanente na Lua. Entretanto, especialistas questionam a capacidade do estado russo em prover os recursos necessários para a empreitada.
A China também vem acelerando um programa de exploração lunar que já rendeu, por exemplo, sondas e rovers. O último deles, o Chang’e 4, pousou na superfície em março e é, até aqui, a única missão a explorar o território da face oculta da Lua. Estima-se que o país asiático tem interesse em explorar comercialmente a Lua, sobretudo para a coleta de matérias-primas exóticas, caso do Hélio-3, que pode ser usado como combustível para reatores de fusão nuclear no futuro. Ainda neste ano, a China deve lançar o Chang’e 5, rover que irá coletar amostras de solo e mandá-las de volta à Terra.
Se o programa lunar russo é cercado de dúvidas em virtude da capacidade de financiamento da iniciativa, o programa espacial chinês é cercado de segredos e mantém uma relação bem distante com o restante do mundo, a um ponto em que se torna difícil de prever ou estimar quais serão os próximos passos.
A Índia também vai para a Lua
Custos e grandes desafios tecnológicos parecem impor que a exploração espacial ficaria restrita apenas a grandes potências econômicas e corporações. A Índia, no entanto, desafia essa noção: o país é dono de um programa espacial próprio que já coleta grandes sucessos, como sondas enviadas a Marte e à Lua.
Em setembro deste ano, o programa espa
O que fazer na Lua?
A ideia de explorar os recursos lunares não é nova e mexe com interesses de governos e corporações. Se a China pesquisa a extração do Hélio-3, agências espaciais e corporações de outros países avaliam a possibilidade de usar as reservas de gelo depositadas em crateras no polo sul da Lua como combustível para foguetes.
A ideia é extrair esse gelo e, separando hidrogênio e oxigênio, produzir combustível para foguetes que poderiam ser lançados da Lua em direção a Marte e a pontos distantes do sistema solar, como as interessantes luas de Júpiter e Saturno. Como a Lua tem uma força gravitacional bem menor do que a Terra, foguetes lançados de lá poderiam ter uma capacidade de carga muito maior.
Como esse potencial é grande, há interesse de corporações aeroespaciais, como SpaceX e Blue Origin, por exemplo, na possibilidade de produzir combustível e lançar veículos espaciais diretamente da Lua.
Exploração comercial
Outra possibilidade para os próximos anos é o surgimento de missões protagonizadas por empresas, e não governos. No último mês de abril, a sonda Beresheet, da SpaceIL, fracassou na tentativa de aterrissagem no solo lunar. Se tivesse sido bem sucedida, a missão marcaria a primeira chegada à Lua de uma sonda espacial lançada por uma empresa, e não por um governo.
A SpaceX, de Elon Musk, também pretende explorar o satélite. O projeto dearMoon deverá ser posto em prática em 2023, quando a espaçonave BFR, criada para mandar humanos e carga para Marte, será posta à prova em uma viagem ao redor da Lua com um seleto grupo de convidados.
Elevador para o espaço
Essas e tantas outras iniciativas de exploração espacial esbarram sempre na limitação imposta pelos custos: é caro desenvolver equipamento, foguetes e sistemas capazes de levar toneladas de carga e passageiros para o espaço por conta, principalmente, da necessidade de propulsores poderosos o suficiente para superar a atração gravitacional da Terra.
Estimativas atuais apontam para um custo estimado de US$ 27.000 por quilo de carga (R$ 101 mil, em conversão direta) levados à Estação Espacial Internacional. Essa limitação tem encorajado conceitos bem inovadores para contornar o problema e diminuir custos. Foguetes reutilizáveis, como os propostos por SpaceX e Blue Origin, são bons exemplos, mas a ideia mais surpreendente é o conceito de elevador espacial.
A ideia, que em um primeiro momento parece completamente impraticável, tem apoio de engenheiros e cientistas. O projeto consiste na criação de um sistema capaz de levar pessoas e carga à órbita terrestre por meio de um elevador, que seria conduzido por meio de um cabo. A universidade japonesa de Shizuoka vem pesquisando a ideia e estuda a implementação de um protótipo com micro-satélites.
Via Space (1 e 2), Ars Technica (1 e 2), Science Alert, Business Insider, The Guardian e Bloomberg
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