Anunciado em março, o Atari VCS finalmente entrou em pré-venda por meio de uma campanha do Indiegogo. Bem sucedida, ela já ultrapassou em 2.175% a meta original de arrecadação. Com a possibilidade de compra em pré-venda, o consumidor também passa a ter acesso às especificações técnicas definitivas do novo console. Elas apontam para um videogame de ficha técnica mais modesta, o que vai decepcionar quem esperava do novo Atari VCS um competidor com fôlego para superar PlayStation 4 e Xbox One.
Em todo caso, a campanha de financiamento coletivo da iniciativa continua por mais um mês. Brasileiros interessados no produto podem investir no VCS por US$ 229, no pacote mais em conta (R$ 862, em conversão direta e sem considerar impostos). O frete para o Brasil fica em R$ 148.
Atari VCS e suas especificações técnicas
Desde o anúncio no ano passado, a ficha técnica do Atari VCS foi assunto de especulações e debate: de um lado, os criadores do projeto anunciaram compatibilidade com “conteúdo em 4K”. Do outro, análises mais céticas mostraram que mesmo um Xbox One X, muito mais caro, apoiado pela Microsoft e com uma biblioteca de games variada e construída ao longo dos anos, encontra limitações para rodar games nessas resoluções de forma consistente.
O mistério todo acabou com a pré-venda do produto. De acordo com os desenvolvedores da plataforma, o Atari VCS usará um processador A10 da AMD, anterior aos Ryzen, terá placa gráfica Radeon R7 agregada à CPU e 4 GB de memória RAM DDR4. O armazenamento fica à cargo de 32 GB em eMMC – um tipo mais lento e ba
Existem dois modelos de A10 da arquitetura escolhida para o novo console: o 9700 e o 9700E. A diferença é que o segundo dos modelos é menos poderoso, consome menos energia e tem processamento gráfico inferior. Não se sabe qual opção foi escolhida, mas a promessa de baixa emissão de ruído e consumo, descrita na página oficial do Atari VCS no Indiegogo, parece indicar que o 9700E será o processador do console.
O que tudo isso significa, na prática? Usando componentes de PCs gamer de entrada, o console da Atari tem um perfil técnico que lembra computadores para jogos mais baratos. O console é comprometido sobretudo pela placa gráfica Radeon R7 com velocidades que giram entre 720 e 1.029 MHz no A10 9700 (ou 600 a 847 MHz no 9700E) e pela quantidade relativamente baixa de memória RAM.
Como o console se compara ao PlayStation 4 e ao Xbox One?
No processador, o Atari VCS não faz tão feio. O A10 quad-core da AMD é mais recente e rápido que os processadores octa-core Jaguar usados nos dois rivais. Em jogos, o processador se encarrega de rodar aspectos de simulação dos jogos, de implementação de física (como modelagem da velocidade num jogo de corrida, ou do comportamento dos personagens que povoam Los Santos em GTA 5).
Mas, em games, o processamento gráfico acaba sendo mais decisivo e aí os problemas podem aparecer. A placa gráfica que acompanha o A10 9700 é inferior à GPU que vai à bordo das versões mais simples de PlayStation 4 e Xbox One. No caso do PS4, a placa de vídeo tem 18 unidades computacionais (que você pode entender como os núcleos de processamento gráfico). A GPU R7 do Atari tem apenas 6.
São esses núcleos que se encarregam do trabalho pesado referente a todo o processamento gráfico de um game: carregar as texturas da memória, simular efeitos de iluminação, atualizar a tela da sua TV a taxas estáveis e muito mais são tarefa da placa gráfica e, em geral, tanto quanto maior for a quantidade de núcleos de processamento, maior conforto ela terá para trabalhar.
Outro aspecto importante das especificações técnicas do Atari VCS está na baixa quantidade de RAM. O novo console tem 4 GB, metade dos 8 GB dos PS4 e Xbox One mais simples. Além disso, a memória é tipo DDR4, padrão que não é o ideal para games pesados.
No geral, o consumidor pode esperar que o Atari VCS tenha capacidade de encarar games recentes e exigentes do ponto de vista gráfico em HD (1280 x 720 pixels) e em Full HD (1920 x 1080 pixels).
Então de onde vem o “conteúdo 4K”?
“Conteúdo 4K” prometido pelos desenvolvedores do console é um atributo vago e que pode, por exemplo, ser referente a conteúdo em vídeo, como Netflix, já que o processador A10 tem musculatura suficiente para que o Atari VCS reproduza vídeo e streaming em UHD.
Outra possibilidade recai sobre a possibilidade de rodar games clássicos dos antigos consoles Atari nessas resoluções. Extremamente simples, esses games podem ser facilmente levados a resoluções maiores sem muitas dificuldades do ponto de vista do processamento do console.
Com relação a games atuais, nada impede que títulos menos ambiciosos do ponto de vista gráfico sejam desenvolvidos para a plataforma e sejam executados em 4K. Entretanto, dadas as especificações técnicas apresentadas, o consumidor não deve esperar do Atari VCS a mesma desenvoltura do Xbox One X ou do PlayStation 4 Pro em encarar jogos em UHD: o sistema simplesmente não têm essa capacidade.
Linux, Steam e muito saudosismo
Por fim, outro aspecto importante confirmado a respeito do Atari VCS é que o videogame irá rodar um sistema operacional derivado do Ubuntu (um sistema Linux, portanto) e que terá compatibilidade com a Steam.
Isso abre a plataforma para a biblioteca de games para Linux oferecida pela Steam. É claro que podem ocorrer limitações referentes a jogos que tenham requerimentos mínimos muito acima da ficha técnica do VCS – ponto que os criadores do novo Atari reconhecem na página oficial do produto no Indiegogo.
Além do conteúdo acessível via Steam, o consumidor terá a possibilidade de jogar clássicos da Atari dos anos 1970 e 1980 no VCS. O conjunto de games será vendido com o console e poderá ser obtido via Internet a partir da própria interface do videogame.
Via Indiegogo, AMD, Anand Tech
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