Yume Nikki Dream Diary é a reimaginação de um dos jogos mais estranhos e controversos já criados com o RPG Maker. A experiência surreal de Yume Nikki foi recriada em uma nova versão para PC (via Steam), com conceitos mais modernos, cenários e personagens em 3D. Tudo sob supervisão e os cuidados minuciosos do criador original, o desenvolvedor Kikiyama. Mas será que com tantas mudanças no gameplay o jogo manteve sua estranheza e ar de mistério? Confira na análise.
Conheça o bizarro Yume Nikki
Yume Nikki vs Dream Diary
Lançado em 2004, há mais de uma década, o game japonês original se apresentou como uma viagem abstrata com destino indefinido. Mas a própria palavra "jogo" talvez não seja a melhor escolha para descrever Yume Nikki. O mundo de sonhos macabros idealizado por Kikiyama é, acima de tudo, uma experiência de exploração ao terror surreal, onde terminar a história não é exatamente o ponto principal.
A protagonista é uma garota chamada Madotsuki que sofre de uma condição intensa de isolamento social. A única porta aberta por ela é a dos sonhos (ou pesadelos). Quando dorme, Madotsuki tem acesso a 12 portas que se dividem em mundos distintos. Cada cenário tem personagens específicos e itens especiais, mas não há qualquer explicação da história, direção a seguir ou um diálogo sequer.
O mistério por trás dos sonhos de Madotsuki abriu uma brecha para teorias, spin-offs e sequências feitas por fãs, que ainda anseiam por explicar e entender os porquês por trás de tais pesadelos. A abertura para interpretação e exploração livre foi o que atraiu (ou entediou) pessoas ao longo desses 14 anos.
Dream Diary não deve ser visto como um remake, pois realmente não é. O seu propósito é outro. O título é um "reboot", ou mais precisamente uma reimaginação do conteúdo original por uma outra perspectiva, usando os jogos independentes atuais como inspiração em termos de visual e jogabilidade. Ou seja, os dois títulos são estruturalmente diferentes e uma comparação direta talvez seja meio injusta.
Entretanto, há espaço para fazer um paralelo entre semelhanças e diferenças de ambos - e analisar o game como um título independente. Dream Diary é para ser jogado de mente aberta, é uma aposta para atrair novos jogadores. A equipe de produção mostrou um cuidado e carinho especial para adaptar as criaturas originais e seus cenários ao novo visual 3D, incluindo até mesmo alguns easter eggs. Só que isso pode não ser o suficiente para agradar os fãs mais saudosistas.
O fato é que Dream Diary abriu mão do ar misterioso de Yume Nikki para adicionar mecânicas modernas e uma história mais linear, capaz de ser seguida e, principalmente, terminada. A mudança tem seus pontos positivos e negativos, tanto para quem experimentou o primeiro game como para os que nunca ouviram falar.
Novas mecânicas e menos exploração
YumeNikki Dream Diary tem um cenário estranhamente familiar. O começo conecta, de certa forma, o original com a versão atual – Madotsuki vê uma mancha de sangue no chão antes de despertar em seu quarto, lembrando o "final" de Yume Nikki. O quarto é basicamente o mesmo só que recriado em 3D. Madotsuki ainda tem o cartucho de Nasu em seu videogame e se recusa a sair do quarto. O diferente está no diário, que agora recebe artes e colecionáveis que ela encontra.
Em termos de jogabilidade, o game combina plataformas com movimentação 3D lateral – o oposto da exploração livre de Yume Nikki. Madotsuki pode saltar e agarrar obstáculos, pegar itens do chão ou usá-los em criaturas ou áreas chave. Os Effects, itens que oferecem habilidades a Madotsuki, também estão de volta só que em versão reduzida - são 24 no original e somente 5 em Dream Diary.
O conteúdo é o que o diferencia os dois games. Dream Diary adicionou quebra-cabeças, linearidade e itens com peso de importância para finalizá-lo. As mudanças são entendidas como uma maneira de torná-lo mais "jogável" que a primeira experiência. As alterações não são ruins. Muito pelo contrário, o jogo homenageia o antecessor e ainda se torna mais acessível para o público em geral.
Boas ideias, péssima execução
As ideias são boas, o problema é que foram mal executadas. A nova mecânica de jogabilidade é interessante, transforma o título em uma espécie de Limbo em sonhos macabros. Mas os movimentos e saltos de Madotsuki não são fluídos o suficiente para os momentos de furtividade e perseguição incluídos na nova versão.
Outra mudança importante na jogabilidade está comportamento dos inimigos, que são mais hostis, perseguem e atacam Madotsuki – e, consequentemente acabam atrapalhando o seu progresso. Essa decisão não deveria ser algo ruim, contudo, as péssimas escolhas de level design levam a momentos de irritação e repetição.
O ataque de uma criatura faz com que a personagem volte ao começo do estágio. Ao combinar esse detalhe com os saltos problemáticos da heroína e as plataformas pouco planejadas, temos a fórmula perfeita para o erro. O game também não está livre de bugs. Há paredes invisíveis, telas de carregamento que travam e problemas gerais de otimização. Infelizmente, quando analisado como um jogo independente, Dream Diary falha em mostrar um desempenho acima do regular.
Gráficos e trilha sonora
Embora os gráficos pareçam com os da geração passada, a direção de arte é o verdadeiro charme de Dream Diary. É neste ponto que podemos ver o capricho da equipe de produção. Apesar de conter apenas 5 dos dos 12 cenários originais - sem contar a última porta que abre apenas no final – o game não poupa detalhes para fazer os fãs da série se sentirem em casa. Uboa, Poniko, Monoko e vários outros personagens marcam presença em 2004 tem seus momentos recriados.
A ambientação consegue captar, na medida do possível, os cenários surrealistas e abstratos do original. Dream Diary é um prato cheio de colecionáveis, artes e momentos para recordar. A trilha sonora nos teleporta para 2004 e recria com perfeição o clima de desconforto que muitos já experimentaram 14 anos atrás.
Para quem está jogando pela primeira vez, as referências podem acabar escapando, mas o visual continua sendo tão chamativo quanto. Os monstros, ângulos e efeitos de luz foram bem alinhados de maneira a mexer com o lado psicológico do terror.
Conclusão
A dualidade de YumeNikki Dream Diary faz com que ele divida opiniões entre os fãs. A reimaginação também é uma homenagem ao antecessor, porém acaba por se tornar um título de colecionáveis com jogabilidade medíocre e boas ideias mal executadas. O game ainda tem seus momentos no visual, em animações e no retorno de seus personagens estranhamente cativantes. Contudo, se você não jogou o original e está aqui pelo gameplay ou terror, provavelmente ficará mais decepcionado que os fãs.
Qual o melhor game de terror? Comente no Fórum do TechTudo.
>>> Veja o artigo completo no TechTudo
Mais Artigos...
- Instagram avisa print no Stories? App desiste de testar a notificação
- Xiaomi anuncia Redmi Note 9S no Brasil; saiba preço e ficha técnica
- Malware pornogr?fico afeta Facebook, servi?os da Amazon e Box
- Echo Show 10 é nova caixa com Alexa e tela que se move; veja o que achamos
- Build 16257 do Windows 10 ganha 'eye control', Office 3D e melhora Edge
- Economia de dados: Extensão carrega sites mais rápido no Chrome
- Cinco motivos para não se desfazer do iPhone 5S
- League of Legends: entenda como funciona o Clash, novo modo do LoL
- Easter egg no Android: conheça os 11 jogos escondidos no celular
- Apps para Android: Snapseed, TypeDrawing e outros destaques da semana
- CS:GO: como configurar uma cfg de treino
- Como tirar print no iPhone 11
- GTA 5: atualização corrige bugs da versão para PC e traz novidades
- Auxílio Emergencial: apps falsos com anúncio são baixados milhares de vezes
- Microsoft Insights pode trazer Cortana 'brasileira' e planos do Hololens
- Microsoft testa aplicativo que lê notícias do dia para o usuário
- FIFA 19 terá Champions League e sistema novo de toques e roubadas de bola
- WhatsApp: envie mensagem privada para apenas um participante do grupo
- Projetor transforma qualquer TV em uma super tela touchscreen
- Pinterest: três dicas para viciados em 'pins'