Celulares resistentes à água já são uma realidade desde 2006, mas muitos consumidores ainda têm dúvidas e incertezas sobre o tema. Recentemente, a Samsung divulgou a lista das perguntas mais frequentes recebidas pelo serviço de atendimento ao cliente, e “os limites do aparelho em contato com o líquido” apareceram entre as principais questões.
Afinal, é possível lavar o smartphone ou submergi-lo em uma banheira sem risco de danos? De acordo com a marca, isso depende da classificação IP (Ingress Protection), na qual cada número especifica um tipo de proteção.
Aparelhos com IP01, IP11, IP21, IP31 e IP41 (ou seja, com o algarismo 1 no final), por exemplo, têm resistência mínima à água, enquanto aqueles com IP67 e IP68 suportam até 30 minutos dentro do líquido. Confira a seguir como as fabricantes evitam a entrada de água nos smartphones.
O que é IP (Ingress Protection)?
A classificação Ingress Protection determina o quanto um determinado aparelho resiste a estímulos externos, como água e poeira. Em geral, o código de referência é composto pelas letras “IP” seguidas de dois numerais, no qual o primeiro determina a proteção a sólidos e o segundo, a líquidos. Por exemplo, um smartphone com IP68 tem resistência nível 6 contra poeira e resistência nível 8 contra líquido.
A escala IP para sólidos varia de 0 – ou seja, nenhum tipo de proteção – a 6, na qual há a garantia de completa vedação contra poeira. Já no caso dos líquidos, esses valores variam de 0 a 8. Aparelhos certificados com o nível máximo suportam ficar submersos em até 1,5 metro de profundidade por 30 minutos.
O usuário deve ficar atento às letras miúdas dos termos de garantia do celular, pois costuma ser ali que as fabricantes especificam exceções e regras de suporte técnico. A Sony e a Samsung, por exemplo, deixam claro que seus produtos não são resistentes à água do mar, porque o sal é capaz de corroer e violar a vedação contra líquidos. Já a Apple lista uma série de ações que não devem ser feitas com seus smartphones resistentes à água, dentre elas mergulhar ou tomar banho com o iPhone (a proteção está presente desde a geração 2016 do smartphone).
Portanto, independentemente da certificação atribuída ao modelo, é necessário conferir as restrições determinadas pela fabricante para ter certeza de que o produto está coberto contra a ação de líquidos.
Por que a água não entra no aparelho?
Em entrevista ao site CNET, o engenheiro da empresa de reparos iFixit, Scott Havard, fez uma analogia com um ovo comum e um ovo de plástico. O primeiro é intransponível, sem brechas para a entrada de qualquer substância. Já o segundo pode ser dividido em duas partes, e a água seria capaz de penetrar pela região menos resistente. Para isso, basta que seja feita a pressão certa.
O mesmo pode acontecer com os celulares resistentes a líquidos. Há ainda um agravante: eles têm não apenas um, mas diversos locais pelos quais os fluidos podem passar.
De acordo com Havard, cada uma dessas entradas, como o plug para fone e a porta USB, são protegidas com uma espécie de cola associada a anéis de borracha ao redor das saídas. A mesma cola, inclusive, é usada para fixar a tela ao corpo do aparelho. Botões e arredores são assegurados por meio de uma espécie de capinha de silicone, capaz de separar totalmente a parte física externa (ou seja, os botões propriamente ditos) do sistema elétrico interno.
Apesar dos esforços recentes, os smartphones não são totalmente vedados. Os alto-falantes e microfones precisam que o ar circule dentro do dispositivo para vibrar e, assim, produzir som. Além disso, como a pressão dentro e fora do dispositivo não é necessariamente igual, essa diferença pode permitir a passagem de líquidos, como no exemplo do ovo de páscoa.
Conclusão
Nenhum aparelho, de qualquer fabricante, pode ser considerado totalmente resistente à água. Antes de expor seu smartphone a qualquer líquido, confira antes a certificação IP do modelo e as restrições apresentadas pela marca. Além disso, por mais que o dispositivo tenha garantia IPx8, ainda há riscos de penetração de fluidos devido à diferença de pressão interna e externa.
Vale lembrar que nenhum telefone é apontado como “à prova d’água”. Segundo declaração do gerente de produto da Samsung Brasil, Renato Citrini, ao TechTudo, em novembro de 2017, ao apresentar um produto como "à prova" de algo, o consumidor pode se sentir desafiado a testar aquele equipamento nas condições mais adversas – inclusive naquelas que não são cobertas pela certificação IP.
Com informações: CNET e Digital Trends
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