O WhatsApp conquistou o Brasil. E o Brasil reinventou a ferramenta, que hoje é usada para praticamente tudo: desde entregar cervejas até a venda de imóveis (isso mesmo!). Os curiosos rumos do serviço no Brasil viraram tema de uma palestra no South by Southwest (SxSW), realizado em Austin, no Texas, entre 10 e 15 de março. E, segundo a autora do estudo, Fernanda Saboia, Estrategista de Produto Senior na agência Huge, o aplicativo reina soberano - mas já convive com a sombra de um perigoso rival: o Snapchat.
Como ler mensagens do WhatsApp sem ser visto online
Mas, afinal, como o programinha encanta tanta gente mundo afora? A resposta parece óbvia: tem texto, tem voz, tem ligações telefônicas, dá para mandar fotos, PDF, é seguro, não tem custo e não precisa de ninguém para administrar. Território perfeito para as ideias novas. "O usuário brasileiro de WhatsApp é o mais criativo em trazer soluções que ninguém mais tinha pensado. Nós aprendemos que donos de pequenos negócios tendem a utilizar soluções que usam em suas vidas pessoais para seus trabalhos", diz Fernanda Saboia.
E quem ainda não viu aquela loja que, em vez do ícone do telefone, já estampa o balãozinho verde do Whats? E aquele cartão de visita, só com os números do mensageiro? Enquanto "me adiciona no Zap" virava bordão obrigatório por aqui, até agências governamentais e serviços públicos entram na onda. É possível relatar ocorrências nos metrôs, por exemplo, acionar órgãos do judiciário, ouvidorias e até mesmo falar com parlamentares via WhatsApp.
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Aliás, ainda segundo Saboia, uma curiosidade sobre os apelidos que o serviço ganha no Brasil. Zap, zapzap, whats e afins são uma característica comum a produtos estrangeiros que funcionaram por aqui. Durante sua palestra, a especialista ganhou a atenção do público - majoritariamente formado por americanos - ao sentenciar: "Se você quiser se dar bem no Brasil, seu produto tem que ter um apelido bonito. Face, Snap, são alguns deles".
Saboia lembra ainda que o número de empresas que vendem exclusivamente pelo WhatsApp, bem como as grandes empresas que priorizam o produto, já é bastante significativo e impressiona: "São pequenas empresas que não tem nem telefone fixo corporativo, nem site, contam exclusivamente com o WhatsApp", justifica.
WhatsApp como serviço
Durante sua apresentação nos Estados Unidos, a especialista fez um alerta: não se deve usar o WhatsApp para iniciar conversas. "Usuários não querem receber mensagens das marcas. Eles querem ter um canal aberto para quando quiserem tirar alguma dúvida ou fazer pergunta". Em seu estudo, apresentado no SxSW, Saboia lembrou que cada usuário de WhatsApp está, em média, em 17 grupos - segundo pesquisa interna da agência. E que a ferramenta substitui Tumblr,
Vale lembrar o momento mais importante do WhatsApp tenha acontecido no Brasil. Em julho de 2015, um juiz de Uberaba validou a venda de um terreno feita pelo "zapzap" (que até inspirou um genérico nacional, com código do rival Telegram). Uma transação de R$ 50 mil. E, apesar de inusitada, segundo o magistrado, a venda tem valor legal, já que estava amplamente documentada. "Não compraria nem uma bicicleta velha desse jeito", disse o magistrado à reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo".
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Desde sua compra pelo Facebook, em julho de 2014, pela inacreditável quantia de US$ 16 bilhões (alguns meses depois o valor atingiu US$ 22 bilhões) o WhatsApp realmente só cresceu. No mês em que foi negociado, eram 450 milhões de usuários, com 70% deles ativos diariamente. Em fevereiro deste ano, o serviço praticamente dobrou de tamanho, atingindo a marca de 1 bilhão de usuários. "'Quase uma em cada sete pessoas na Terra', comentou Mark Zuckerberg, dono do Facebook.
Porém, nem tudo são flores: as inúmeras possibilidades de uso do Whats também incluem o crime. São inúmeras denúncias de bandidos se comunicando pelo aplicativo - assim como bullying, pedofilia, racismo e tantas outras iniciativas ilegais. Vale lembrar que, em dezembro de 2015, uma decisão da Justiça de SP tirou do ar o aplicativo, uma vez que mensagens de uma organização criminosa não foram liberadas pelo Facebook, administrador do serviço.
Se hoje o WhatsApp está seguro como dominante no mercado, sem rivais em popularidade e cada vez mais se firmando como plataforma de atendimento, um novo serviço já aparece no mercado. "Uma plataforma que será a próxima queridinha é o Snapchat. Ela está cada vez mais popular entre o público com menos de 30 anos", diz Fernanda Saboia. De fato, o aplicativo tem tudo que o Whats tem - e mais um pouco: chat, ligação telefônica, videochamada, e um plus, já que tudo é apagado imediatamente. Ah, e ele já tem apelido: será que o "Snap" vai colar?
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